LOC.: Em 2023, o Brasil somou cento e sessenta e seis bilhões e meio de dólares em exportações do agronegócio, quatro vírgula oito por cento a mais que no ano anterior. Números que fizeram com que o setor fosse responsável por quase metade de tudo que saiu do Brasil no período. Só de grãos exportados foram cento e noventa e três milhões de toneladas.
Outras mercadorias como carnes, açúcar, sucos, frutas e couros somaram mais de um bilhão de dólares em exportações. A superprodução foi responsável pelo recorde histórico de vendas, mas também fez com que os preços caíssem no mercado nacional. Como consequência, os produtores acabaram tendo lucros menores, o que desagradou, segundo o economista César Bergo, quem investe no campo.
TEC/SONORA: César Bergo, economista
“No segundo semestre, principalmente, os preços começaram a cair, levando muitos produtores a vender os produtos abaixo dos preços que eles esperavam. É claro que isso gerou muita reclamação no setor, mas faz parte do jogo econômico, que envolve a famosa lei da oferta e da demanda.”
LOC.: Para o produtor rural de Goiás Leonardo Boaretto, mesmo com a produção recorde, ainda faltam incentivos do governo para facilitar, por exemplo, o escoamento dos itens agrícolas.
TEC/SONORA: Leonardo Boaretto, produtor rural
“Nós precisamos ter urgentemente mais ferrovias, para diminuir o custo do transporte rodoviário. Precisamos melhorar os nossos portos, precisamos ter institutos de pesquisas confiáveis que consigam fazer estimativas precisas da produção nacional, isso a gente não tem hoje.”
LOC.: Além disso, Boaretto cobra a redução de encargos e impostos e, ao mesmo tempo, mais linhas de crédito para financiamento de máquinas e despesas de custeio. Outro ponto de insatisfação é a legislação trabalhista, que foi feita para o trabalhador urbano, mas excluiu o assalariado do campo.
Em 2024, a previsão é de uma safra menor, o que exigirá preços mais atrativos dos insumos agrícolas e pecuários, segundo o economista César Bergo.
Reportagem, Lívia Braz