LOC: Depois do excesso de chuvas na região Sul, que provocou mortes e deixou desabrigadas milhares de pessoas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os brasileiros foram novamente surpreendidos nos últimos dias com a seca no Norte do país.
Desastres como a seca e o excesso de chuvas têm provocado estragos em todo o Brasil. Estudos divulgados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) apontam que o país teve mais de R$ 400 bilhões de prejuízos causados por desastres naturais, entre 2013 e 2023.
O professor de Políticas Públicas do Ibmec Eduardo Galvão, explica que a seca na região Norte influencia diretamente na queda da economia, devido aos prejuízos no agronegócio, causados pelas dificuldades de navegação (com a redução dos níveis dos rios) e pelo aumento dos incêndios florestais. Além disso, o especialista também observa que a seca provoca perdas significativas aos criadores de gado e ao setor de pesca. O professor do Ibmec recomenda como o governo deveria agir, imediatamente, para aliviar a situação.
SONORA: Eduardo Galvão, professor de Políticas Públicas do Ibmec
"Para amenizar a situação, o governo pode implementar medidas como investir em sistemas de irrigação para agricultura, promover o reflorestamento para ajudar a reter a água, fortalecer a fiscalização contra desmatamento e incêndios ilegais, além de programas de apoio às comunidades afetadas para garantir o acesso à água potável e também assistência emergencial.
LOC: Outro especialista em estudar os resultados econômicos causados por mudanças climáticas, o professor de Economia Willian Baghdassarian, entende que os efeitos econômicos da seca no Norte do Brasil são diferentes (em relação aos resultados provocados pelo excesso de chuvas no Sul). Segundo ele, o resultado da seca na região amazônica é mais regionalizado e não influencia tanto nas outras regiões do Brasil. De acordo com o economista, para resolver os problemas da seca na Amazônia, o governo deveria editar uma Medida Provisória, como fez quando houve as enchentes no Rio Grande do Sul.
SONORA: William Baghdassarian, professor de Economia do Ibmec Brasília
"Só para a gente lembrar, acabou de ser publicada a MP 1189, é uma MP que deu subvenção econômica para as empresas do Rio Grande do Sul. Então, provavelmente, se o governo federal quiser, de fato, ajudar o Amazonas, ele pode muito bem soltar uma nova MP focada na região Norte para os efeitos da seca. E, a partir disso. Isso, ele ajuda essas pessoas."
LOC: Não é de hoje que a seca e o excesso de chuvas têm provocado estragos sociais e econômicos em todo o Brasil. Conforme o estudo da Confederação Nacional dos Municípios, dos mais de R$ 400 bilhões de prejuízos causados por desastres naturais, entre 2013 e 2023, a seca causou, sozinha, cerca de R$ 307 bilhões de prejuízos em todo o Brasil. Ou seja: nos últimos dez anos, a falta de chuvas causou mais problemas econômicos do que o excesso de chuvas, correspondendo a 76,5% do total de danos financeiros registrados no período. A boa notícia é que, apesar de tudo, na maior parte do país as quatro estações transcorreram normalmente, proporcionando que o Brasil continue batendo recordes de safra e sendo um dos maiores produtores de grãos do planeta.
Reportagem: José Roberto Azambuja