Seca aumenta risco de incêndio na floresta Amazônica — Foto: Arquivo/Valter Campanato/Agência Brasil
Seca aumenta risco de incêndio na floresta Amazônica — Foto: Arquivo/Valter Campanato/Agência Brasil

Especialistas defendem medidas para aliviar resultados da seca na Amazônia

Técnicos analisam efeitos das mudanças climáticas e defendem que irrigação, fiscalização contra incêndios ilegais e programas de apoio a comunidades afetadas amenizariam o problema

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Depois da tragédia provocada pelo excesso de chuvas na região Sul, que provocou mortes e deixou desabrigadas milhares de pessoas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os brasileiros foram novamente surpreendidos nos últimos dias com a seca no Norte do país. Não é de hoje que a seca e o excesso de chuvas provocam estragos em todo o Brasil.

Um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que o Brasil já teve mais de R$ 400 bilhões de prejuízos causados por desastres naturais, entre 2013 e 2023. O Rio Grande do Sul, com mais de R$ 67 bilhões; Minas Gerais, com R$ 56 bilhões e Bahia, com mais de R$ 38 bilhões, foram os estados mais afetados pelo problema. De acordo com o estudo, a seca causou cerca de R$ 307 bilhões de prejuízos em todo o Brasil. Ou seja: a falta de chuvas deu mais prejuízo econômico ao país do que o excesso de chuvas, correspondendo a 76,5% do total.

Para o especialista Eduardo Galvão, professor de Políticas Públicas do Ibmec Brasília, os efeitos da seca no Norte do país são de diferentes ordens e incluem a queda na economia, devido aos prejuízos no agronegócio, dificuldades de navegação devido à redução dos níveis dos rios, o aumento de incêndios florestais e também perdas no setor pecuário. com  o gado — e também na pesca. 

Soluções

“Para amenizar a situação, o governo deveria implementar medidas como investir em sistemas de irrigação para agricultura, promover o reflorestamento para ajudar a reter a água, fortalecer a fiscalização contra desmatamento e incêndios ilegais, além de programas de apoio às comunidades afetadas para garantir o acesso à água potável”, sugere Galvão. Segundo ele, é preciso ir além da assistência emergencial — que é um primeiro passo a ser dado pelos governantes, em tragédias climáticas. 

Conforme o estudioso, considerando que as secas e queimadas na região amazônica são problemas repetitivos, que sempre vêm à tona com o passar dos anos, “é muito importante desenvolver políticas de preservação ambiental de longo prazo, para mitigar os efeitos dessas secas, que são recorrentes”. 

Problemas diferentes

Outro especialista em estudar os resultados econômicos de mudanças climáticas, o professor de Economia do Ibmec William Bagdhassarian, explica que a queda da produção causada pelo excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, do ponto de vista “nacional”, é diferente dos problemas causados pela seca no Norte do país. “O resultado da seca na região amazônica é também um problema sério, mas atinge mais a população local do que a economia nacional”, avalia Bagdhassarian.

De acordo com o professor de economia, boa parte das pessoas que moram no Norte tem pouco acesso a bens e produtos, porque a logística para se chegar a algumas cidades já é naturalmente prejudicada, em épocas “normais”. Para o especialista, com pouca logística o problema se agrava ainda mais, por causa da seca. "Embora seja um problema regionalizado, essas pessoas quando enfrentam a seca acabam num drama social muito grande”. 

O professor afirma que "o governo pode e deve ir além de, simplesmente, atender à população com os programas sociais para tentar resgatar a situação dessas pessoas no que se refere à renda". E complementa:

"Só para a gente lembrar: acabou de ser publicada a MP 1189, que deu subvenção econômica para as empresas do Rio Grande do Sul. Então, provavelmente, se o governo federal quiser, de fato, ajudar o Amazonas, ele pode muito bem soltar uma nova MP focada na região Norte para os efeitos da seca. E, a partir disso. Isso, ele ajuda essas pessoas". 

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LOC: Depois do excesso de chuvas na região Sul, que provocou mortes e deixou desabrigadas milhares de pessoas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os brasileiros foram novamente surpreendidos nos últimos dias com a seca no Norte do país.  

Desastres como a seca e o excesso de chuvas têm provocado estragos em todo o Brasil. Estudos divulgados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) apontam que o país teve mais de R$ 400 bilhões de prejuízos causados por desastres naturais, entre 2013 e 2023. 

O professor de Políticas Públicas do Ibmec Eduardo Galvão, explica que a seca na região Norte influencia diretamente na queda da economia, devido aos prejuízos no agronegócio, causados pelas dificuldades de navegação (com a redução dos níveis dos rios) e pelo aumento dos incêndios florestais. Além disso, o especialista também observa que a seca provoca perdas significativas aos criadores de gado e ao setor de pesca. O professor do Ibmec recomenda como o governo deveria agir, imediatamente, para aliviar a situação.
 

SONORA: Eduardo Galvão, professor de Políticas Públicas do Ibmec

"Para amenizar a situação, o governo pode implementar medidas como investir em sistemas de irrigação para agricultura, promover o reflorestamento para ajudar a reter a água, fortalecer a fiscalização contra desmatamento e incêndios ilegais, além de programas de apoio às comunidades afetadas para garantir o acesso à água potável e também assistência emergencial. 


LOC: Outro especialista em estudar os resultados econômicos causados por mudanças climáticas, o professor de Economia Willian Baghdassarian, entende que os efeitos econômicos da seca no Norte do Brasil são diferentes (em relação aos resultados provocados pelo excesso de chuvas no Sul). Segundo ele, o resultado da seca na região amazônica é mais regionalizado e não influencia tanto nas outras regiões do Brasil. De acordo com o economista, para resolver os problemas da seca na Amazônia, o governo deveria editar uma Medida Provisória, como fez quando houve as enchentes no Rio Grande do Sul. 



 

 

SONORA: William Baghdassarian, professor de Economia do Ibmec Brasília

"Só para a gente lembrar, acabou de ser publicada a MP 1189, é uma MP que deu subvenção econômica para as empresas do Rio Grande do Sul. Então, provavelmente, se o governo federal quiser, de fato, ajudar o Amazonas, ele pode muito bem soltar uma nova MP focada na região Norte para os efeitos da seca. E, a partir disso. Isso, ele ajuda essas pessoas."

 


LOC: Não é de hoje que a seca e o excesso de chuvas têm provocado estragos sociais e econômicos em todo o Brasil. Conforme o estudo da Confederação Nacional dos Municípios, dos mais de R$ 400 bilhões de prejuízos causados por desastres naturais, entre 2013 e 2023, a seca causou, sozinha, cerca de R$ 307 bilhões de prejuízos em todo o Brasil. Ou seja: nos últimos dez anos, a falta de chuvas causou mais problemas econômicos do que o excesso de chuvas, correspondendo a 76,5% do total de danos financeiros registrados no período. A boa notícia é que, apesar de tudo, na maior parte do país as quatro estações transcorreram normalmente, proporcionando que o Brasil continue batendo recordes de safra e sendo um dos maiores produtores de grãos do planeta.

Reportagem: José Roberto Azambuja