LOC.: Assim como aconteceu com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, que pretendia acabar com os lixões até 2014, o Brasil mais uma vez não conseguiu cumprir com as metas estabelecidas para este ano. É o que mostra a nova edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023, elaborado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA). Foram mais de 33 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) com destinação inadequada em 2022. Para o presidente da ABREMA, Pedro Maranhão, o número está exagerado para o século XXI.
TEC./SONORA: Pedro Maranhão, ABREMA
“A gente sempre fala que no resíduo sólido nós estamos na época medieval. Hoje nós geramos aproximadamente 80 milhões de toneladas de resíduos domiciliares, urbanos. Desses aproximadamente 80 milhões, 33 milhões tem uma destinação inadequada. Isso é inconcebível nos dias de hoje. Tanto resíduo jogado a céu aberto, que está contaminando o planeta, contaminando o lençol freático e fazendo um grande mal à saúde.”
LOC.: O presidente da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), membro do conselho da ONU para temas de resíduos e sócio da S2F Partners, Carlos Silva Filho, diz que as metas estabelecidas vão além do de acabar com os lixões. Também determina a destinação final adequada para a reciclagem, o tratamento, a recuperação dos resíduos sólidos potencialmente recuperáveis e ainda a disposição final ambientalmente adequada para os rejeitos.
TEC./SONORA: Carlos Silva, Partner
“Mas ainda não conseguimos cumprir essa meta, estamos bastante distantes, ainda cerca de 40% dos resíduos no país têm destinação inadequada, contabilizando também aquilo que sequer é coletado e precisamos realmente de ações para avançar, ações integradas, de uma política de Estado que priorize essa temática porque atualmente essa prática medieval de lixões a céu aberto, de destinos inadequados, afeta toda a sociedade brasileira.”
LOC.: De acordo com a pesquisa, o pior cenário está nas regiões Norte e Nordeste com apenas 36,6% e 37,3% dos rejeitos, respectivamente, encaminhados para aterros. Em seguida, o Centro-Oeste, onde apenas 43,6% do lixo tem manejo adequado. Já o melhor cenário está nas regiões Sul e Sudeste, com mais de 70% dos resíduos sólidos indo para destinação adequada. As duas regiões são as únicas do país com mais da metade dos resíduos sendo encaminhados para áreas ambientalmente adequadas, indica o estudo.
Reportagem, Lívia Azevedo