Primeiro semestre foi tímido para a expansão industrial (Foto: Gilson Abreu/governo do Paraná)
Primeiro semestre foi tímido para a expansão industrial (Foto: Gilson Abreu/governo do Paraná)

Indústria mostra confiança moderada na economia no 1º semestre

Embora esteja acima da linha dos 50 pontos, a confiança do empresário industrial na economia brasileira recuou 0,8 pontos percentuais em junho se comparado com maio e é a menor do ano

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Os empresários industriais preferem esperar o desenrolar da economia brasileira no segundo semestre para novos investimentos. É o que mostra o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta segunda-feira (17). De acordo com o indicador, neste mês, a confiança empresarial foi de 51,4 pontos, menor 0,8 pontos em relação a maio e, também o menor índice do primeiro semestre.

Mas, embora o número mostre um freio por parte dos empresários, a CNI vê o cenário como moderado nestes primeiros seis meses do ano e enfatiza que o índice ficou acima da linha dos 50 pontos. O órgão credita essa retração às discussões em torno da regulamentação da reforma tributária, em curso na Câmara dos Deputados, e também à taxa básica de juros.

Conforme a economista da confederação, Larissa Nocko, a queda em junho em relação a maio foi causada tanto pelo componente de expectativas quanto pela avaliação das condições atuais. "Ou seja, houve uma queda nas expectativas para os próximos seis meses relacionadas à empresa e à economia brasileira e houve uma queda também da avaliação das condições atuais da empresa quanto da economia brasileira", disse.

A especialista chama a atenção, ainda, que o dado de junho e o acumulado do primeiro semestre, embora estejam indicando mais confiança em relação aos primeiros seis meses de 2023, estão inferiores à confiança de anos anteriores, no intervalo entre 2018 e 2022.

"Ou seja, o empresário industrial está confiante, mas essa confiança é bem moderada, parcimoniosa, porque ainda existem uma série de desafios a serem enfrentados ainda este ano. Por exemplo, a reforma tributária está passando pelas suas discussões, mas ainda não foi concluída. Existe a questão da taxa de juros, que está num patamar inferior ao que a gente viu no primeiro semestre do ano passado, mas ainda se encontra num terreno restritivo, contracionista, impedindo que a atividade econômica flua de uma forma mais intensa", analisou Larissa.

Ela acrescenta, ainda, que a expectativa de crescimento do PIB para 2024, embora seja positiva, ainda está indicando uma desaceleração em relação ao ano passado. "A expectativa de crescimento do PIB pela CNI, atualmente, é de 2,4%, enquanto que no ano passado foi de  2,9%."

Pode melhorar

O consultor econômico da Remessa Online, André Galhardo, faz uma análise mais profunda para a moderação do empresário industrial neste primeiro semestre. Ao comparar o nível de confiança do setor medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele afirma que há uma "melhora contínua" mesmo aquele indicador tendo ficado em 98, abaixo da linha de 100, referente ao mês de maio.

"Embora o resultado tenha vindo 98 pontos (...) essa é a leitura mais forte em cerca de 20 meses, quase 2 anos. Isso mostra uma recuperação da confiança do setor, ainda que os números não estejam em patamares que a gente possa, de fato, comemorar. No entanto, ele mostra uma tendência de melhora", ressaltou Galhardo.

Taxa Selic

O economista avalia que a melhoria do cenário em quase 2 anos e a moderação empresarial neste primeiro semestre do ano se deve, também, aos cortes da taxa de juros no Brasil, praticadas desde o ano passado pelo Banco Central nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Mas ele acredita que a confiança empresarial pode se abrandar mais ainda no segundo semestre, caso o Copom congele  a queda da Taxa Selic.

"Com a expectativa de que o Copom vá interromper de modo prematuro o ciclo de cortes da taxa de juros, mantendo-a em 10,5%, no melhor dos cenários. entre 10% e 10,5%, esse nível de confiança pode abrandar daqui pra frente", afirma. 

Ele explicou que o setor industrial é um dos setores que mais sentem um impacto de uma política monetária restritiva, ou seja, de uma taxa de juros elevada. Galhardo afirma que se a taxa atual for mantida, na reunião do Copom prevista para esta semana, isso acabaria impactando de forma desproporcional a indústria doméstica. 

"Isso pode reverter esse cenário de melhora que a gente viu ao longo do primeiro semestre. Eu volto a dizer: não é que tá tudo bem, o próprio índice de confiança da FGV, que está no nível mais elevado em 20 meses, ainda está longe e neutro de 100 pontos, mesmo assim é um cenário de melhora. A manutenção da taxa de juros pode desfazer esse caminho que a confiança do empresário industrial tomou ao longo dos últimos meses, ao longo dos últimos anos", frisa o economista.

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