LOC.: São técnicos, enfermeiros e médicos que encontram na ajuda ao próximo sua maior motivação. Os voluntários da Força Nacional do SUS não buscam recompensas salariais, mas a chance de oferecer auxílio, cura e esperança. Nos últimos dois meses, em meio ao estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul, eles se destacaram e continuam no trabalho de apoio à população afetada pelas enchentes. Em momentos de catástrofes e tragédias, deixam seus lares e famílias para prestar solidariedade onde há carência de tudo.
Serão 15 dias de caminhadas e atendimentos em uma das cidades mais destruídas pelas enchentes — Eldorado do Sul. A enfermeira Mariana Beraldo, de 35 anos, deixou em Piracicaba, em São Paulo, o filho de quatro anos, o namorado, pais, amigos e o trabalho. Ela atua como enfermeira do SAMU e se inscreveu na Força Nacional para ajudar da forma como melhor sabe fazer: na assistência.
TEC/SONORA: Mariana Beraldo, enfermeira
“A nossa equipe de saúde está dando apoio para o município e a cada dia eles têm uma necessidade. A gente fica em tenda, auxiliando no atendimento. Hoje estamos fazendo território, indo nas residências, vendo os pacientes domiciliados. Aqui foi uma das cidades mais atingidas e mais evacuadas, por isso as pessoas ainda estão retornando.”
LOC.: Na mesma equipe da enfermeira Mariana está o médico Anísio Virgolino da Silva Filho, de 46 anos, que atua como intensivista do SAMU em Natal-RN. Além deste trabalho, ele tem oito anos de experiência como médico da Marinha, em ações sociais e resgates – o que, segundo ele, aumentaram a bagagem frente aos desastres.
Atuando como o único médico da equipe, Anísio diz que a população de Eldorado do Sul está num período de reconstrução — já que a cidade foi completamente devastada.
TEC/SONORA: Anísio Virgolino da Silva Filho, médico
“O que a gente notou é que eles não estão muito preocupados com a saúde, eles estão mais preocupados em limpar, em reconstruir. A maioria dos atendimentos que a gente vem fazendo é para o pessoal que faz uso de medicação contínua e precisa renovar as receitas e pegar as medicações.”
LOC.: A escolha dos voluntários para cada missão, assim como a experiência deles em determinados tipos de ação, são considerados nessa distribuição de tarefas, como conta a coordenadora de planejamento da Força Nacional do SUS, Conceição Mendonça.
TEC/SONORA: Conceição Mendonça, coordenadora de planejamento da Força Nacional do SUS
“De acordo com a experiência profissional de cada voluntário. Nos critérios estabelecidos, definimos possuir entre 2 e 5 anos de experiência comprovada na área de atuação, avaliação curricular, cadastro regular nos conselhos de classe, capacidade emocional para cumprir orientações do comando local, capacidade de lidar com situações de vulnerabilidades.”
LOC.: A equipe da Mariana, do Anísio e de tantos outros voluntários que atuam no Sul, volta para casa em breve, mas um outro exército de inscritos na Força Nacional do SUS estará a postos para embarcar nas próximas missões que surgirem. Sem retorno financeiro, sem conforto para dormir, trabalhando muitas horas por dia.
A recompensa? Quando questionado sobre o retorno de todo esse trabalho, o médico sequer titubeia.
TEC/SONORA: Anísio Virgolino da Silva Filho, médico
“A gente não procura recompensa, a gente fica feliz em ajudar.”
LOC.: Desde o início de maio, a Força Nacional do SUS já prestou mais de 19,6 mil atendimentos frente à maior tragédia climática que já atingiu o Rio Grande do Sul. Os profissionais voluntários atuam nos hospitais de campanha, em equipes volantes, de saúde indígena e de saúde mental para a população gaúcha. Mais de 500 voluntários estão mobilizados desde o início da atuação do Ministério da Saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos e farmacêuticos.
Criada em 2011 como um programa de cooperação, a Força Nacional SUS trabalha para prevenir e dar assistência diante de situações epidemiológicas, de desastres ou de desassistência à população quando for esgotada a capacidade de resposta do estado ou município.
Qualquer profissional de saúde — da iniciativa pública ou privada — de todo o Brasil pode fazer parte da mobilização. Apesar de não pagar salário, a força disponibiliza passagens para o voluntário do local de residência até o local onde ocorrerá a missão. Além disso, são fornecidas diárias para o custeio com alimentação e estadia.
Reportagem, Lívia Braz