LOC.: Entre janeiro a junho de 2024, 905 mulheres foram assassinadas e outras 1,1 mil sofreram tentativa de feminicídio segundo dados do Monitor de Feminicídios no Brasil — o Laboratório de Estudos de Feminicídios (Lesfem), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná.
O dado mostra que a cada 10 mulheres mortas pela violência doméstica e de gênero, outras 12 continuam na mira de seus agressores. Na tentativa de reduzir esses números, a pena para o crime vai aumentar para até 40 anos de prisão, segundo uma lei enviada para sanção do presidente Lula.
Para o advogado criminalista, especialista em violência doméstica, Rafael Paiva, o aumento da pena é o ponto de partida para coibir esse tipo de prática.
TEC/SONORA: Rafael Paiva, advogado criminalista, especialista em violência doméstica
"Eu entendo que o endurecimento de pena é um fator importante para coibir novos casos. Obviamente que ele não é o único fator, mas ele é um fator importante. Se a gente tem penas baixas no nosso atual sistema judicial, o preso acaba tendo direito a vários e vários benefícios, quando a gente aumenta a pena esses benefícios vão sendo gradativamente mais dificultados para esse condenado."
LOC.: Já a antropóloga e professora da Universidade de Brasília, Lia Zanotta, entende que a Lei Maria da Penha compreende todos os requisitos para a prevenção do feminicídio e o cumprimento dela já seria suficiente para redução no número de casos. No texto do projeto está previsto o aumento da pena do condenado que descumprir medida protetiva contra a vítima.
Isso valeria, por exemplo, para condenados por violência doméstica que cumprem regime semiaberto. Se nesse caso o agressor descumprir as medidas protetivas e se aproximar da vítima, terá a pena aumentada. O acréscimo passa de detenção de três meses a dois anos para reclusão de dois a cinco anos e multa.
Mas outras mudanças seriam ainda mais efetivas, acredita Lia Zanotta.
TEC/SONORA: Lia Zanotta, antropóloga e professora da Universidade de Brasília
"Prevenir pra mim é dar muito mais campanhas políticas e muito mais condições para os juizados especializados, inclusive com mais unidades e mais delegacias. Nós precisamos de mais recursos para que funcione, de fato, a lei e a rede de encaminhamento e das medidas obrigatórias desses homens agressores à reeducação psicossocial."
LOC.: O projeto de lei prevê ainda agravantes para o crime quando envolver uso de veneno, tortura, traição. Além disso, se o preso ameaçar a vítima, deverá ser removido para um presídio longe da casa dela.
Reportagem, Lívia Braz