LOC.: A nossa reportagem traz relatos de duas vítimas da Covid-19, Michele Souza, de 27 anos, e Luana Karina Olivatto, 33 anos. As duas mulheres passaram por dificuldades, medos, inseguranças, dores e solidão durante o período de infecção do coronavírus e acreditam, a exemplo de especialistas, que as dores e os traumas poderiam ter sido menores se tivessem conseguido acompanhamento médico já no início dos primeiros sintomas do coronavírus.
Em agosto do ano passado a secretária Michele Souza, moradora da cidade de Planaltina (DF), testou positivo para Covid-19 e o infortúnio surgiu durante a recuperação de uma crise de ansiedade. Os primeiros sintomas da doença se manifestaram rapidamente e quando já estavam insuportáveis, ela buscou o pronto socorro.
Michele esperava ter orientação e acompanhamento, mas viu o médico espantado por estar diante de um quadro de Covid-19, quando o certo, segundo o profissional de saúde, seria a secretária estar em casa, isolada.
Michele se curou da doença após lutar por cada exame e diagnóstico de acompanhamento. No entanto, ela acredita que se tivesse ficado isolada completamente e não tivesse buscado orientação durante a fase dos primeiros sintomas, poderia ter entrado em um quadro clínico grave da Covid-19.
TEC./SONORA: Michele Souza, secretária
“Eu acho que muita gente morreu por isso. ‘Espera, está com Covid-19? Afasta’. E, por estar com Covid-19, eu deveria ser preferencial. Para que eu não contaminasse ninguém.”
LOC: A psicóloga Luana Karina Olivato, moradora de Sobradinho, cidade administrativa do Distrito Federal, também foi vítima da Covid-19. Em uma viagem de férias, no interior da Bahia, a psicóloga relata que sentiu os primeiros sintomas da doença. Longe de hospitais, ela teve orientações médicas pela internet, mas, não foi suficiente porque a falta de exames e acompanhamento próximo de um profissional causaram medo e pânico.
TEC./SONORA: Luana Karina Olivato, psicóloga
“Com muito medo. Me senti desamparada. Eu tinha muito medo de passar mal. A cidade, em que estava, já tinha tido um boom de superlotação em hospitais. Foi mais um agravante que me causou muito medo, mesmo.”
LOC.: A sensação de solidão e morte, que Michele e Luana conviveram, causaram sequelas físicas e psicológicas e, segundo os especialistas em saúde, é fator da falta de orientação, de acompanhamento médico próximo, já nos primeiros sintomas.
O especialista em Emergências Clínicas e no tratamento da Covid-19 na fase grave, da Rede D’Or, Fabrício da Silva, lembra que a recomendação atual é procurar um posto de saúde imediatamente após sentir os primeiros sintomas da Covid-19.
Para ele, é na fase inicial da doença que a equipe médica consegue perceber possíveis complicações futuras do coronavírus e, assim, agir na tentativa de amenizar os males antes da evolução grave do coronavírus.
TEC./SONORA: Fabrício da Silva, especialista em Emergências Clínicas e no tratamento da Covid-19 na fase grave, da Rede D’Or
“A recomendação inicial era ‘uma vez com sintomas gripais, com diagnóstico da Covid-19, fique em casa e procure o hospital caso tenha queda de saturação ou piora na falta de ar’. Esse conceito caiu por terra. Hoje, a recomendação é cada vez mais termos o acompanhamento de perto.”
LOC: Hoje, mais de 17 milhões de pessoas foram curadas da Covid-19 no país. No entanto, de acordo com pesquisa da faculdade de medicina da UFMG ansiedade e depressão, dores, fraquezas e fadigas, são sequelas deixadas por meses em algumas pessoas que tiveram a doença.
Reportagem, Cristiano Ghorgomillos
NOTA
LOC.: Hoje, mais de 17 milhões de pessoas foram curadas da Covid-19 no país. No entanto, de acordo com pesquisa da faculdade de medicina da UFMG, ansiedade, depressão, dores, fraquezas e fadiga são sequelas que acompanham cerca de um terço daqueles que se curaram do coronavírus, por meses.
A sensação de solidão e morte causam sequelas físicas e psicológicas e, segundo especialistas em saúde, é fator da falta de orientação, de acompanhamento médico próximo, já no período de início dos sintomas.
Aliás, a recomendação atual é procurar um posto de saúde imediatamente após sentir os primeiros sintomas da Covid-19. Para o especialista em Emergências Clínicas e no tratamento da Covid-19 na fase grave, da Rede D’Or, Fabrício da Silva, é na fase inicial da doença que a equipe médica consegue perceber possíveis complicações futuras do coronavírus e, assim, agir na tentativa de amenizar os males antes da evolução grave da Covid-19.
Por isso, diante da suspeita de Covid-19 ou já nos primeiros sintomas a recomendação é buscar orientação em uma Unidade Básica de Saúde, o quanto antes, e seguir as orientações médicas.
Reportagem, Cristiano Ghorgomillos