LOC.: Um estudo feito por endocrinologistas propõe uma maneira mais simples para classificar a obesidade de pacientes em acompanhamento para controle de peso. A proposta sugere a divisão em obesidade “reduzida” ou "controlada''. Os médicos da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo foram os responsáveis pela pesquisa. Um deles é o endocrinologista Marcio Mancini, que aponta que as classificações sugeridas são baseadas no peso máximo do paciente. Se ele perder entre 5 e 10% do próprio peso, já pode se falar em obesidade reduzida. Ele explica o que seria a outra classificação.
TEC.SONORA: Marcio Mancini, endocrinologista e integrante da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo
“Ela coloca aqui que, quando o paciente perde pelo menos 10% do peso, ele teria uma obesidade controlada. Então, vamos imaginar um paciente que teve o seu peso máximo em 100 kg. Se ele perder pelo menos 10 quilos e passar para 90 quilos, mesmo que ele ainda tenha excesso de peso, ela vai ter uma obesidade chamada de controlada, porque os estudos mostram que essa perda de pelo menos 10%. ela é factível, ela é uma perda que é possível de ser conseguida com o tratamento clínico e ela vai levar a uma série de benefícios pra saúde.”
LOC.: As classificações de obesidade reduzida ou controlada são baseadas no peso máximo que aquela pessoa atingiu durante a vida. Por isso, Mancini aponta que a redução do peso máximo é mais alcançável do que a busca dos parâmetros do Índice de Massa Corporal. O objetivo é que as pessoas com obesidade e os profissionais que as acompanham se concentrem na manutenção de peso em vez da redução. Os médicos que participaram da pesquisa apontam que uma perda de 5% do peso já traz melhoras clínicas.
A psicóloga Débora Gleiser, que integra o Grupo de Estudo das Cirurgias de Obesidade e Metabólicas, em Porto Alegre (RS), aponta que a classificação proposta pode ajudar em tratamentos, mas destaca que casos mais graves de obesidade têm dificuldades maiores em manter o peso estável. Isso se dá, explica ela, por ser uma doença crônica.
TEC.SONORA: Débora Gleiser, psicóloga integrante do Grupo de Estudo das Cirurgias de Obesidade e Metabólicas
“O problema dos obesos, e estou falando muito da minha área, como psicóloga bariátrica, é que os nossos pacientes obesos severos, obesos mórbidos, como se chama, a grande dificuldade é manter esse peso. Eles têm um histórico de vida de tratamentos e dietas onde eles emagrecem e engordam, emagrecem e engordam. Porque a obesidade é uma doença crônica.”
LOC.: Os dados da pesquisa do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas indicam que mais da metade da população brasileira estava acima do peso em 2021. A pesquisa, conhecida como Vigitel, identificou que 57% dos respondentes estavam com sobrepeso. O índice subiu mais de 10 pontos percentuais desde o início da pesquisa, que é realizada anualmente desde 2006.
Reportagem, Isabella Macedo com a colaboração de Angélica Córdova