LOC.: Com a adesão do Brasil à Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, o país terá acesso a um fundo de 100 milhões de dólares para investir na redução de gases hidrofluorcarbonos, os HFCs. A medida foi aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado, mas só foi promulgada pelo Executivo no último dia 24 de agosto.
A Emenda de Kigali é um acréscimo ao Protocolo de Montreal que estabelece a redução escalonada do consumo de HFC em 80% até 2045. Esses gases são utilizados principalmente em aparelhos de ar-condicionado e equipamentos de refrigeração.
Segundo a professora do Instituto de Química da Universidade de Brasília Fernanda Vasconcelos, apesar de o HFC não danificar a camada de ozônio, ele possui elevado impacto no aquecimento global.
TEC./SONORA: Fernanda Vasconcelos, professora do Instituto de Química da UnB.
“Os HFCs não têm cloro na sua estrutura. Então, eles não atacam a camada de ozônio; eles não reagem com o ozônio. Os HFCs são os gases que substituíram os HCFCs (hidroclorofluorcarbonos). E os HCFCs, por sua vez, substituíram os CFCs (clorofluorcarbonetos). Estes eram os grandes problemas para a camada de ozônio. Resolvemos o problema de atacar o ozônio. Só que criamos um novo problema, porque os HFCs absorvem radiação no infravermelho e, portanto, aumentam a temperatura do planeta.”
LOC.: A senadora Mara Gabrilli, do PSDB de São Paulo, foi relatora do projeto de decreto legislativo que aprovou a Emenda de Kigali. Segundo ela, o acesso do Brasil ao fundo multilateral vai além da introdução de novas tecnologias na indústria nacional.
TEC./SONORA: senadora Mara Gabrilli, PSDB-SP.
“Além de apenas introduzir novas tecnologias, que seja também um qualificador de pessoas para trabalharem com equipamentos mais modernos e que respeitem o meio ambiente. A adesão do Brasil deve representar uma ação também de conscientização de que o crescimento econômico só é pleno quando ele é sustentável.”
LOC.: A expectativa é que o cumprimento da redução da emissão de HFCs por todos os países signatários à Emenda de Kigali possa evitar o aumento de 0,4º a 0,5°C na temperatura média do planeta Terra até 2100.
Reportagem, Paloma Custódio