LOC.: A regulação do mercado de carbono traz maior segurança jurídica e contribui com a consolidação da proteção ambiental e social. É o que afirma a diretora para Políticas Públicas e Relações Internacionais da TNC Brasil, Karen Oliveira. A especialista argumenta ainda que o Mercado Regulado de Carbono cria um ambiente de negócios mais favorável, incentiva boas práticas ambientais e permite maior competitividade ao mercado brasileiro.
Na Câmara dos Deputados, há diversos projetos em tramitação que tratam sobre o tema. Dentre eles está o PL 528/2021. O texto prevê a criação de um Sistema Nacional de Registro com o objetivo de estabelecer uma governança climática, como explica Karen Oliveira.
TEC./SONORA: Karen Oliveira, diretora para Políticas Públicas e Relações Internacionais da TNC Brasil
“O projeto de lei 528 propõe a criação de dois sistemas: o Sistema Nacional de Registro da Compensação dos Gases do Efeito Estufa e o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões. São dois sistemas independentes com objetivos diferentes, mas que juntos estabelecem uma governança climática que permite que as alterações dos mercados de carbono sejam melhor acompanhadas, tornando mais transparente e participativa as oportunidades que o país pode identificar, pode participar.”
LOC.: Para o deputado federal Ricardo Salles, do PL de São Paulo, o projeto é importante. Ele defende que as obrigações para o setor produtivo sejam criadas após a regulamentação do Acordo de Paris — adotado em 2015 para reduzir a emissão de dióxido de carbono.
TEC.SONORA: deputado Ricardo Salles
“O mercado de carbono é uma boa fonte de obtenção de recursos externos para o Brasil. Não acredito que a gente deveria fazer um mercado obrigatório interno, enquanto não tiver sido regulamentado o art. 6.2 do Acordo de Paris, que permite que o Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, recebam os créditos de carbono dos países ricos. Essa é uma pauta que é para receber dinheiro de fora e não criar mais um custo para o setor produtivo do nosso país.”
LOC.: No Senado, com o mesmo objetivo, tramita uma proposta que estabelece um conjunto de instrumentos para garantir maior compatibilidade entre o modelo proposto para o Mercado Brasileiro de Reduções de Emissões e as melhores práticas internacionais.
O mercado de crédito de carbono é um sistema de compensação de emissão de carbono. Funciona assim: cada empresa tem um limite determinado para emitir gases de efeito estufa. As que emitem menos ficam com créditos, que podem ser vendidos àquelas que passaram do limite.
Reportagem, Fernando Alves