LOC.: O Amazonas é o segundo estado com maior incidência da doença de Chagas no Brasil, atrás apenas do Pará e do Amapá. Segundo o Ministério da Saúde, em 2023, foram 11 infecções pela doença.
Infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, a doença de Chagas é caracterizada por uma fase aguda — que pode durar semanas ou até meses —, apresentando sintomas leves ou pode ser até mesmo assintomática.
Mas também existe a fase crônica, como explica o coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde, Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior.
TEC./SONORA: coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde, Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior
“Essa é uma forma que pode ser tanto cardíaca — que afeta o coração — como digestiva, podendo afetar o esôfago e o intestino. Se a pessoa tratar, tanto na fase aguda como na forma indeterminada, ela pode sim eliminar o Trypanossoma cruzi e não desenvolver essa forma crônica.”
LOC.: Uma das principais formas de transmissão no Amazonas é a oral, no consumo de alimentos contaminados por barbeiro com o Trypanosoma cruzi — devido à falta de controle de higiene e de cuidados no momento do processamento.
A pensionista Delma Maria Santos, de 66 anos, tinha o hábito de consumir açaí natural e caldo de cana, sem se preocupar com a procedência desses alimentos. A moradora de Manaus (AM) suspeita que foi desta forma que contraiu Chagas. Ela relata que a forma aguda da doença de Chagas não se manifestou, tampouco teve sintomas. Só descobriu anos mais tarde, durante um exame de rotina. Logo após o diagnóstico, começou o tratamento.
TEC./SONORA: Delma Maria Santos, pensionista
“Tomei o medicamento por 60 dias — um comprimido. Quando terminei, voltei novamente com a doutora e pronto: estava curada e não tomei mais o medicamento. Mas, até hoje, faço acompanhamento, com três exames do coração todo ano, e está tudo bem.”
LOC.: No caso da transmissão oral, a principal forma de prevenção é a boa higienização dos alimentos, como orienta Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior.
TEC./SONORA: coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde, Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior
“As outras formas, talvez a principal, seria a de transmissão oral — para os alimentos. Então, a principal forma de prevenção é higienizar bem os alimentos. Pois, em geral, isso acontece quando o barbeiro é moído junto com o fruto ou com algo [outro alimento] e a pessoa não viu. Como se trata de um inseto relativamente grande [para identificar] e que se o alimento for bem higienizado, eliminamos grande probabilidade disso [contaminação do alimento] ocorrer. Além disso, para a forma de transmissão vertical — da mamãe para o bebê —, a principal forma de prevenção é a testagem da gestante e das mulheres em idade fértil para que tratem e evitem a transmissão para o bebê”.
LOC.: A Doença de Chagas é uma das 11 doenças e cinco infecções socialmente determinadas que o Governo Federal pretende eliminar até 2030. Esta é a missão do programa Brasil Saudável, que coordena ações de 14 ministérios. A rede pública de saúde do SUS oferece o diagnóstico e o tratamento para a doença.
No Amazonas, o atendimento aos pacientes com doença de Chagas nas formas aguda e crônica começa sempre na atenção primária, ou seja, em uma das UBSs dos municípios. Caso teste positivo para a doença, o paciente é encaminhado para as unidades de referência, como a Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado, em Manaus.
Para mais informações sobre a doença de Chagas e sobre o Brasil Saudável, acesse: www.gov.br/saude.
Reportagem, Lívia Braz