Data de publicação: 05 de Fevereiro de 2023, 18:00h, atualizado em 03 de Fevereiro de 2023, 18:20h
LOC.: O câncer de mama é um dos desafios no cenário atual de envelhecimento populacional e enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer, o INCA, no Brasil, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste.
Atualmente, o diagnóstico precoce é fundamental. Quanto mais cedo um tumor invasivo é detectado e o tratamento é iniciado, maior a probabilidade de cura. Neste 05 de fevereiro é celebrado o Dia Nacional da Mamografia, data que conscientiza a população sobre a importância da realização de exames preventivos contra o Câncer de Mama.
Para esclarecer dúvidas sobre diagnóstico precoce, a importância e a realização do exame da mamografia, o Brasil 61 recebe o médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal, Flávio Vasconcelos.
Dr, Flávio, O que representa o Dia Nacional da Mamografia?
TEC./SONORA: Flávio Vasconcelos, médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal
“A mamografia representa o cuidado da mulher para o diagnóstico precoce dessa patologia que é o câncer, que é a doença em termos de câncer que mais afeta as mulheres”.
LOC.: Qual a idade recomendada para fazer a primeira mamografia?
TEC./SONORA: Flávio Vasconcelos, médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal
“A Sociedade de Mastologia, a Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia, a Sociedade de Radiologia e as entidades médicas vinculadas ao tema recomendam que ela seja feita numa paciente que não tenha alto risco para câncer de mama crescente iniciada aos 40 anos de idade. Já o Ministério da Saúde recomenda a partir dos 50 anos”.
LOC.: Qual é a periodicidade recomendada para fazer o exame?
TEC./SONORA: Flávio Vasconcelos, médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal
“A sociedade da mesma forma recomenda que o exame seja feito com periodicidade anual, desde que esteja sem nenhuma alteração ou com alterações benignas. Já o Ministério da Saúde coloca que a periodicidade não deve ultrapassar dois anos, então ele recomenda que o máximo seja de dois em dois anos”.
LOC.: Como se preparar para o exame e quais cuidados são necessários?
TEC./SONORA: Flávio Vasconcelos, médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal
“Basicamente não tem nenhum cuidado especial. A única coisa que a gente recomenda muito é que qualquer desodorante, que possa ter fragmentos de cálcio, pode atrapalhar a monografia. Então, evite [usar] um desodorante quando for fazer o exame; no máximo é isso. O resto não tem nenhum cuidado especial a mais”.
LOC.: A vacina contra a Covid-19 pode interferir no exame de mamografia?
TEC./SONORA: Flávio Vasconcelos, médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal
“Pode interferir nas axilas. A axila é preocupante no câncer de mama porque o primeiro lugar que ele vai é para a íngua, debaixo do braço, que nós médicos chamamos de linfonodos. Então, quando você avalia a mama, você também avalia essas ínguas para ver se elas estão com formato normal. E a vacina da Covid-19 pode aumentar esses linfonodos, que são as ínguas, e alterar a forma deles, inclusive pode dar a falsa impressão de ser uma suspeita para câncer. Então o recomendado é que os exames de mama sejam feitos quatro meses após a vacina para evitar essas situações de falso positivo”.
LOC.: Como é feito o exame de mamografia?
TEC./SONORA: Flávio Vasconcelos, médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal
“Primeiramente, tem muito o tabu, o medo da compressão. Mas a compressão é que faz toda a diferença da mamografia, porque o que diferencia a mamografia de um raio x normalmente é justamente a compressão. E a compressão é que torna os nódulos e as alterações mais evidentes. Essa compressão tem legislação para isso. Esses mamógrafos são checados periodicamente. Então assim é uma compressão que é padrão, não vai trazer nenhum dano ou mal para essa paciente. É um desconforto, sim, mas é um desconforto rápido e não é tão exagerado. Outro cuidado importante é evitar fazer a mamografia no período pré-menstrual, porque nessa fase as mamas já estão naturalmente mais sensíveis. Mas caso você faça o exame nessa fase o resultado não vai mudar, a imagem não vai alterar, só mesmo o conforto da paciente que vai ser melhor. A paciente chega, entra na sala do exame, o técnico vai posicionar a mamografia sobre o local que vai fazer a compressão na mama e vai fazer o raio x dela em duas posições".
LOC.: Somente o exame da mamografia é capaz de diagnosticar o câncer de mama ou é preciso exames complementares?
TEC./SONORA: Flávio Vasconcelos, médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal
“Se eu tenho condições de fazer apenas um exame, a mamografia, que é o exame de eleição. É o único exame até hoje que é capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama em pacientes que realizam exames de maneira frequente. Não evita de aparecer o câncer, ela reduz a mortalidade, que permite pegar as lesões mais iniciais, e quanto mais inicial você pega, maior a chance de cura. É sabido que pacientes de jovens, gestantes, lactantes têm as mamas muito densas, ou seja, aquela mama jovem, que tem bastante glândulas mamárias. Então, com essas pacientes, a mamografia pode não evidenciar todas as alterações. Então seria recomendado uma ultrassonografia para complementar essa mamografia. E nos pacientes de alto risco para câncer de mama, é indicado a ressonância nuclear magnética de mamas para complementação”.
LOC.: O autoexame pode substituir a mamografia?
TEC./SONORA: Flávio Vasconcelos, médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal
“Não, tanto que hoje a gente não tem mais aquele ato de fazer o autoexame regularmente. O que a gente recomenda às pacientes hoje é um autocuidado corporal. O que que é isso? É conhecer o próprio corpo, estar familiarizada com o corpo dela, porque à medida que detecta alguma alteração, é mais fácil abrir. Então é o autoexame é mais no sentido de conhecimento corporal e identificar-se nas alterações pela própria paciente. Mas sem aquela neura, aquele excesso de todo sétimo dia pós menstrual. É usar o seu dia a dia mesmo. Não substitui a mamografia, desde a década de 1980, os estudos mostraram que não é eficaz e não diminui a mortalidade por câncer de mama”.
LOC.: Qual a importância do exame?
TEC./SONORA: Flávio Vasconcelos, médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal
“A importância é o diagnóstico precoce do câncer de mama. O câncer de mama é o câncer mais frequente nas mulheres. A cada dez mulheres com câncer, três vão ter câncer de mama. Então é um índice alto e é o que a gente mais tem que fazer ações de detecção precoce. A gente não consegue evitar que ele apareça, a gente trabalha com diagnóstico precoce e para fazer o diagnóstico precoce, o melhor exame é a mamografia. Então isso é o principal argumento. Faça a mamografia para que a gente consiga, caso aconteça, diagnosticar o câncer de maneira mais precoce. Diagnosticado precocemente nós conseguimos salvar a mama da paciente, retirando menos fragmentos, a gente consegue ter tratamentos menos agressivos, evitar a quimioterapia, radioterapia e a gente consegue fazer uma gama de atitudes que preservem a qualidade de vida, a saúde e a feminilidade que a mama representa para as pacientes”.
LOC.: Conversamos com o médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal, Flávio Vasconcelos. Ele esclareceu as principais dúvidas sobre a mamografia, principal exame realizado para o diagnóstico precoce do câncer de mama.