2023 fechou com saldo positivo na geração de emprego no agronegócio. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
2023 fechou com saldo positivo na geração de emprego no agronegócio. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Dezembro registra perda de 88 mil postos de trabalho no agronegócio

Número é puxado pelo encerramento de contratos — o que tradicionalmente ocorre no fim do ano. Mas 2023 fecha positivo na geração de empregos, com 119 mil vagas no setor

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Puxado pelo encerramento de contratos nas lavouras de grande parte do país, o mês de dezembro fechou negativo com relação ao número de postos de trabalho no agronegócio: foram menos 88.566 no último mês de 2023. O informativo “Emprego no Campo” — divulgado mensalmente pela Confederação Nacional de Municípios —  mostra ainda que o que acontece no campo também é visto na cidade. Dezembro também terminou com queda no número de postos de trabalho nacional, foram menos 427 mil postos de trabalho, segundo o levantamento.

Os desligamentos são atribuídos ao encerramento da maioria dos vínculos temporários neste período do ano. Mas apesar do mês ruim, os números de 2023 foram positivos. O ano passado fechou com a criação de 119 mil vagas no campo, o que corresponde a 8,0% das vagas totais geradas no país — e um pouco maior do número de 2022, quando o aumento foi de 7,9%.

O economista César Bergo explica que essa sazonalidade faz parte da natureza do setor, já que quando acaba uma colheita, os contratos se encerram. Por isso, um outro aspecto do levantamento reforça o posicionamento de Bergo. 

“Quando a cidade é maior esse trabalhador acaba sendo absorvido pelo comércio. O que observamos nesses números é que os municípios menores acabaram sofrendo mais, porque não tem como aproveitar essa mão de obra que sai do campo.” 

A pesquisa mostra que os pequenos municípios foram responsáveis por 56% do saldo negativo (-50 mil vagas), enquanto as grandes cidades, geram mais empregos no comércio, apresentaram redução de 7 mil empregos. 

Onde o agro cresceu mais

No Brasil, 82% das cidades têm movimentação no mercado de trabalho do agro, são 4.571 municípios. Mas um deles se destacou na geração de empregos em 2023, o município de Lençóis Paulista, SP (foto). Com 75 mil habitantes, a cidade gerou 2.562 postos de trabalho no ano passado, em diversas áreas. O secretário de desenvolvimento Econômico, Paulo Cesar Ferrari, atribui à logística e às políticas públicas o sucesso na geração de empregos. 

“Aqui nós temos as rodovias, ferrovias e estamos na beira do Tietê — o que nos permite fazer o transporte através da hidrovia também. A cidade de Lençóis sempre teve muito cuidado com as políticas públicas, uma cidade de 75 mil habitantes onde temos 100% de saneamento básico e luzes LED.” 

Segundo o secretário, a saúde pública e a segurança funcionam bem, o que atrai mais pessoas para o municípios — assim como investidores. 

Lençóis Paulista ficou à frente até mesmo da capital São Paulo na geração de empregos, no ano passado. “Nós temos o agro, que é forte, o comércio, serviço, construção e indústria.” A previsão de investimentos na cidade em 2024, estima Ferrari, “é de R$ 4,8 bilhões em variados setores da indústria”.   

Desafios para 2024

O economista César Bergo divide em três partes os maiores desafios que o país — que é o maior exportador de grãos do mundo — enfrenta. 

Infraestrutura:  faltam ferrovias, a estrutura dos portos não é adequada e as rodovias encarem o custo do transporte e nem sempre são de boa qualidade;

Crise internacional dos fertilizantes: a escassez dos produtos no mercado externo fez com que os preços das commodities subiram e os insumos para alimentação dos rebanhos acabou ficando mais alta;

Clima: eventos extremos como seca, calor excessivo, chuvas e alagamentos também deixam o produtor dependente desses fatores para obter ou não sucesso com a safra.

“Do ponto de vista de safra, a expectativa é que este ano seja menor que em 2023. Por outro lado, esperamos uma melhoria dos preços internacionais das commodities para efeito de se ter um ciclo positivo no país. Isso deve fazer os preços dos alimentos caírem”, ressalta o economista. 

Mas a política e os planos de governo devem ser favoráveis para a agricultura, avalia. 
 

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