Data de publicação: 23 de Julho de 2022, 03:30h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:35h
Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o crescimento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), iniciado em abril, foi interrompido, chegando a apresentar queda em alguns estados. Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo apresentam indícios de terem iniciado o processo de queda no número de casos de SRAG. Já nas regiões Norte e Nordeste, o crescimento iniciado em junho se mantém.
Os dados são do Boletim InfoGripe da última quarta-feira (20), divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esta iniciativa tem como objetivo monitorar e apresentar níveis de alerta para os casos reportados de SRAG. Os dados apresentados no boletim são organizados por estado e por regiões de vigilância para síndromes gripais e trazem análises sobre a semana epidemiológica 28, que compreende o intervalo de 10 a 16 de julho.
Para compreender as diferenças, Marcelo Gomes, pesquisador em Saúde Pública na Fiocruz e coordenador do InfoGripe, ressalta que o início do crescimento dos casos, no sul foi em abril e no norte, em junho. Mas ele também aponta o movimento cultural junino, ocorrido principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país, como um possível fator.
“Talvez até a própria questão das datas das celebrações juninas, porque inegavelmente são atrações a nível nacional. Os estados do Nordeste e Norte são os pólos atratores para as festas. Não são apenas atrações locais, são atrações nacionais. Então, são grandes eventos com muita gente frequentando, frequentada por um volume muito grande de gente. Então, isso pode de alguma forma ter colaborado”, explica o pesquisador.
Mesmo com a desaceleração no ritmo de crescimento no número de novos casos semanais, observa-se a formação de um platô que, segundo o coordenador do InfoGripe, é a manutenção dos casos em uma quantidade elevada. Ou seja, os números sobem e estacionam. Mesmo com essa estabilização, os dados do boletim mostram tendência de retomada do crescimento em crianças de 0 a 4 anos em alguns estados, em contraste com o sinal de platô em adultos.
Covid-19: Ministério da Saúde divulga orientações para vacinação de crianças de 3 a 5 anos
O volume de casos de SRAG associados à Covid-19 no grupo de crianças de 0 a 4 anos é considerado preocupante. Com a adesão à vacina entre a população adulta e os adolescentes, o cenário de risco e de agravamento mudou bastante, principalmente quanto ao risco por faixa etária.
“Quando a gente olha desde o começo do ano, inclusive, a gente observa que esse grupo de 0 a 4 anos passou a ser o grupo de maior risco abaixo de 60 anos. Então, para toda a população com menos de 60 anos, as crianças de 0 a 4 anos são hoje o grupo etário de maior risco de internação por consequência da Covid-19”, alerta o pesquisador.
Na população adulta, os casos de SRAG também continuam sendo amplamente dominados pela Covid-19. Diferentemente do que aconteceu em novembro e dezembro de 2021, o vírus influenza A não foi uma causa expressiva para a internação de pacientes com SRAG. Marcelo reforça a necessidade de manter as medidas de proteção contra as infecções pelo vírus Influenza, para evitar o que aconteceu no final do ano passado, em um período atípico, quando o volume de interações por conta do vírus influenza foi muito expressivo.
GRIPE: Com cobertura vacinal em 58,9%, postos do País continuam com vacinação
Além do impacto social, a prevenção por meio das vacinas pode auxiliar no diagnóstico individual. Guilherme Marrêta, médico infectologista, explica que alguns casos de Covid-19, por exemplo, podem se assemelhar a um quadro gripal ou um quadro de resfriado, que são causados por vírus diferentes. Com mais pessoas vacinadas contra Covid-19 e contra Influenza, é mais fácil diagnosticar o quadro dos pacientes.
“A gente já começa a fazer cortes em critério epidemiológico. Começa a fazer já os setores de exclusão e fazer direcionamento diagnóstico. Então, é de suma importância que as pessoas procurem a vacinação, porque, com ampliação de grupos no geral, nós não só vamos barrando e quebrando a cadeia de transmissão como também geramos critério de orientação diagnóstica para possíveis diagnósticos diferenciais como dengue e chikungunya”, pontua Guilherme.
Por isso, o infectologista também ressalta a importância de tomar os imunizantes em todas as campanhas abertas ao público, sejam elas para grupos preferenciais ou faixas etárias. Anualmente, as doenças sofrem mudanças e, por isso, as vacinas também são atualizadas.
Somente no ano epidemiológico 2022, já foram notificados 197,78 mil casos de SRAG, com 97,9 mil resultados positivos para vírus respiratórios, contabilizando 49,5% dos casos. Entre casos positivos, 4,6% são de influenza A, 0,1% de influenza B, 9% de vírus sincicial respiratório (VSR) e 79,5% de Sars-CoV-2 (Covid-19).