LOC: Um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas revelou uma queda significativa no mercado voluntário de carbono no Brasil em 2023. Em comparação com 2021, houve uma redução de 89% no volume de créditos emitidos e de 44% no volume de créditos aposentados.
André Pereira de Morais Garcia, advogado especializado em Ambiental, explica as causas dessa queda.
TEC./SONORA: André Pereira de Morais Garcia, advogado especializado em Ambiental e ESG
“Isso decorre muito de uma expectativa de regulação do mercado de carbono com o PL 2148 de 2015. De fato, a ausência dessa regulamentação, leva a uma ausência de credibilidade do nosso crédito, uma ausência de exigibilidade de compensação, desaquecendo o mercado brasileiro do crédito de carbono. Então, isso é prejudicial para esse mercado no Brasil, porque, de fato, a espera de uma regulamentação cria graus de incerteza muito grandes dentro do mercado local."
LOC:. O estudo da FGV destaca que, apesar do crescimento inicial do mercado, diversos problemas persistem, comprometendo a credibilidade e a sustentabilidade a longo prazo do mercado voluntário de carbono. Entre os principais desafios, destaca-se a dificuldade em assegurar que os créditos de carbono realmente representem reduções reais.
O advogado André Pereira de Morais Garcia detalha os desafios do mercado de carbono no Brasil.
TEC./SONORA: André Pereira de Morais Garcia, advogado especializado em Ambiental e ESG
“Um dos grandes desafios é de fato a aprovação do PL 2148 de 2015; e não só a aprovação, como a gente comenta diversas vezes, mas a implementação desse sistema, a integralização desse sistema para que comecem a ser emitidos créditos de carbonos dentro desse mercado regulado. E especialmente não basta só a lei federal ser publicada, mas também um decreto regulamentador estabelecendo as diretrizes básicas e como que vai funcionar tudo isso.”
LOC:. Em 2023, foram emitidos 3 milhões e 380 mil créditos provenientes de pouco mais de dez projetos, mas a distribuição foi desigual entre as regiões do país. Além disso, houve uma mudança na composição dos créditos, com um aumento dos créditos de energia renovável e uma diminuição dos créditos de florestas e uso da terra.
André Pereira destaca o potencial do mercado de carbono no Brasil.
TEC./SONORA: André Pereira de Morais Garcia, advogado especializado em Ambiental e ESG
“O Brasil tem um potencial de crédito de carbono gigantesco, podendo trazer uma movimentação de bilhões de reais dentro da economia. E, de fato, com a regulamentação do mercado de crédito de carbono aumentando a credibilidade do mercado brasileiro, a gente vai ter uma maior atratividade dos nossos créditos de carbono a níveis internacionais.”
LOC: O estudo da FGV aponta para a necessidade urgente de reformas para garantir a eficácia do mercado voluntário de carbono e a contribuição efetiva para a mitigação das mudanças climáticas.
Reportagem Mireia Vitoria