LOC.: Em busca de uma compensação ambiental, empresas brasileiras estudam a possibilidade de armazenamento de dióxido de carbono (CO2). O PL 1425/2022 de autoria do senador Jean-Paul Prates (PT/RN) visa regulamentar a exploração da atividade de armazenamento em reservatórios geológicos, além do seu reaproveitamento.
O projeto foi aprovado na Comissão de Meio Ambiente do Senado, no dia 30 de agosto, e enviado à Câmara dos Deputados em setembro.
O professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Ventura explica que essa retirada de CO2 da atmosfera é um processo natural.
TEC./SONORA: Roberto Ventura - professor UnB 1
“O CO2 se dissolve na água. Sabe aqueles organismos de praia, aquelas conchinhas? São feitas de carbonato, a composição é cálcio, carbono e oxigênio. Uma parte desse carbono e oxigênio dessas conchinhas é derivada a partir da interação da água do mar com a atmosfera.”
LOC.: No entanto, com o aumento de concentração de gás carbônico, principalmente por causa do uso de combustíveis fósseis, a natureza não tem conseguido, sozinha, fazer essa transformação.
Até 2020 existiam, no mundo todo, 174 instalações ou projetos de CSS, sigla em inglês para captura e armazenamento de carbono.
O Acordo de Paris estabeleceu o objetivo de limitar o aquecimento do planeta a no máximo 2ºC em relação ao nível pré-industrial até 2100.
Mas especialistas apontam que mesmo com uma transição energética profunda, reduzindo o consumo de fósseis, a captura de carbono ainda é importante para alcançar esse objetivo.
Ventura afirma que a criação da lei é um passo importante na discussão, mas que o impacto no meio ambiente será algo gradual e diz que, no mundo, existem outras formas de fazer essa captura.
TEC./SONORA: Roberto Ventura - professor UnB 2
“Não vai ser uma coisa que a gente vai observar do dia para a noite e não é somente uma ou outra empresa, tem que ser um processo global. E essa retirada tem várias formas, por exemplo, indústrias que produzem muito CO2, uma forma de retirar é injetar diretamente em reservatório de gás, outra é na recuperação de áreas degradadas e o outro tipo de absorção é injeção para que esse CO2 seja transformado em carbonato e fique aprisionado na forma de mineral nas rochas”.
LOC.: A proposta ainda tem como objetivo o estímulo à pesquisa, inovação, implementação e utilização de tecnologias apropriadas para qualidade da atividade com eficiência e redução dos custos.
Reportagem, Yumi Kuwano