Supermercado - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Supermercado - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Consumo dos lares brasileiros caiu 2,33% entre julho e agosto

No entanto, houve aumento de 3,15% no acumulado do ano. Segundo a Abras, o consumidor passou a optar por produtos e marcas mais baratos

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O consumo dos lares brasileiros caiu 2,33% de julho para agosto, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Essa é a quinta queda mensal registrada em 2021. Na comparação com agosto do ano passado, o recuo no consumo é de 1,78%. 

Segundo a associação, os números refletem fatores externos, como câmbio, e internos, como alta da inflação, desemprego, geadas e redução do poder aquisitivo da população, especialmente com as mudanças de valores dos auxílios assistenciais.

No entanto, no acumulado de janeiro a agosto de 2021, houve um aumento de 3,15%, se comparado ao mesmo período de 2020. O vice-presidente da Abras, Márcio Milan, afirma que o cenário é caracterizado pela troca de marcas e de produtos.

“Há um movimento intenso dos supermercados em oferecer novas marcas de produtos básicos - como arroz, feijão, café, açúcar, leite longa vida - para que o consumidor tenha uma variedade para fazer as suas escolhas. Ele [consumidor] está trocando produtos, substituindo a carne bovina por frango e ovos, e substituindo marcas.”

Cesta

A cesta com os 35 produtos mais consumidos nos supermercados fechou agosto com preço médio de R$ 675,73, um aumento de 1,07% em relação a julho. Em comparação com agosto do ano passado, o crescimento é de 22,23%, segundo a Abras.

Os produtos que mais encareceram são batata (20,9%), café (10,7%), frango congelado (7,1%), sabonete (4,3%) e ovo (3,7%). Já as quedas de preços são da cebola (-4,9%), refrigerante pet (-2,8%), tomate (-2,3%), farinha de mandioca (-1,7%) e feijão (-1,5%).

Valor médio da cesta, em agosto de 2021, segundo a Abras:

  • Brasília: R$ 755,28
  • Campo Grande: R$ 530,91
  • Cuiabá: R$ 535,93
  • Curitiba: R$ 730,35
  • Fortaleza: R$ 581,89
  • Goiânia: R$ 522,04
  • Grande Belo Horizonte: R$ 594,63
  • Grande Porto Alegre: R$ 775,09
  • Grande Rio de Janeiro: R$ 621,88
  • Grande São Paulo: R$ 680,90
  • Grande Vitória: R$ 615,44
  • Interior de Minas Gerais: R$ 593,56
  • Interior de São Paulo: R$ 686,44
  • Interior do Paraná: R$ 735,11
  • Interior do Rio Grande do Sul: R$ 750,76
  • João Pessoa: R$ 624,45
  • Maceió: R$ 625,16
  • Natal: R$ 601,43
  • Recife: R$ 614,23
  • Salvador: R$ 626,01
  • Santa Catarina: R$ 725,53
  • Nacional: R$ 675,73

Desafios e solidariedade na pandemia

A taxa de desemprego no Brasil é de 13,7%, segundo levantamento do IBGE com dados do trimestre encerrado em julho de 2021. A moradora do Recanto das Emas (DF), Edineide Batista Barbosa de Almeida, faz parte desse percentual. Ela perdeu o emprego durante a pandemia e conta com o apoio da instituição solidária Legião da Boa Vontade (LBV).

“Agora na pandemia, fiquei sem saída, sem emprego, sem nada. Só com os filhos. E a LBV me ajudou com material escolar e cesta básica com tudo. Quando você está desempregado, você não tem condições de comprar máscara, álcool. Você compra o básico do básico. E a cesta da LBV é completa.”

Paulo Araújo, gestor social da LBV em Brasília, conta que, com a pandemia e o isolamento social, a instituição buscou garantir a alimentação de seus atendidos por meio da entrega de cestas básicas.

“As crianças atendidas aqui tinham um local de alimentação. E durante a pandemia, com isolamento social, muitas famílias tiveram que ficar em casa e perderam o emprego. A LBV parte para garantir que essas famílias tenham alimento na mesa.”

No decorrer da pandemia, a instituição também percebeu que muitas famílias possuem dificuldade em manter o processo de higiene e limpeza, por falta de produtos. “Começamos a colocar nas doações um kit de higiene e limpeza, com álcool em gel, água sanitária, sabão, detergente, além dos alimentos.”

Para saber mais sobre o trabalho da Legião da Boa Vontade e como colaborar, acesse o site: lbv.org.

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Otimismo

Os economistas acreditam na recuperação da economia brasileira, especialmente com a queda de casos e óbitos de Covid-19 no país. Inclusive, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou um crescimento de 5,3% do PIB brasileiro em 2021

O vice-presidente da Abras, Marcio Milan, também está otimista com o aumento do consumo no Brasil. “No segundo semestre, nós temos uma economia destravada, sem restrições e limitações, além da Black Friday e o Natal, que trazem uma movimentação muito grande no mercado. A Abras acredita que teremos um final de ano positivo e mantivemos [a expectativa de] crescimento de 4,5%.”

O economista Benito Salomão ressalta que o décimo terceiro salário é um forte incentivador para o aumento do consumo no final do ano. “Alguns artifícios e incentivos fazem o consumidor comprar mais, como o décimo terceiro. Mas estamos longe de ter um Natal das ‘vacas gordas’”, avalia.

O ex-diretor do Banco Central, economista Carlos Eduardo de Freitas, afirma que podemos olhar com otimismo para o último trimestre de 2021 e para 2022.

“A boa notícia é que a pandemia está sendo vencida; o fluxo de pessoas vai voltar e os serviços vão reagir. Já está chovendo novamente, os preços de energia devem voltar ao normal. O que vai permanecer é o choque do petróleo. Os preços subiram barbaramente e vamos ter que economizar derivados de petróleo.”

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A dica é pesquisar preços

A dica de ouro do vice-presidente da Abras, Marcio Milan, é pesquisar bem os preços na hora de comprar. “Nesse momento, onde temos oscilação de preços associados a outros eventos, como aumento da energia elétrica e do combustível, é importante que o consumidor pesquise. Se ele for ao supermercado hoje, ele vai encontrar arroz de R$ 16 até R$ 29.”

Para driblar a queda do consumo, os supermercados buscaram aumentar a variedade de marcas e produtos, além das ofertas. “Esses movimentos buscam atender o consumidor e o supermercado mantém a fidelidade de seus clientes”, comenta.

Confira a entrevista completa com o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.

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