LOC.: O setor de comércio no Brasil demorou três anos para retomar o nível de emprego anterior à pandemia de covid-19. De acordo com a Pesquisa Anual de Comércio, divulgada pelo IBGE, o comércio brasileiro empregou mais de 10 milhões de pessoas em 2022, um aumento de cerca de 157 mil em relação a 2019, o último ano antes da crise sanitária global. Este número é ainda menor do que o pico histórico registrado em 2014.
A pesquisa abrange 22 setores divididos em três grandes segmentos: comércio varejista, comércio por atacado e comércio de veículos, peças e motocicletas. O comércio varejista, com mais de 7 milhões de empregos, continua a ser o principal responsável pela ocupação de trabalhadores no setor.
A conselheira federal do Conselho Federal de Economia Denise Kassama destaca que a melhoria na geração de empregos no comércio reflete a recuperação econômica geral do país. Ela observa que o crescimento do PIB e o aumento dos empregos de carteira assinada têm contribuído para a melhoria da renda do trabalhador brasileiro.
TEC./SONORA: Denise Kassama, conselheira federal do Conselho Federal de Economia
"O brasileiro já está podendo comprar ou trocar de televisão, comprar ou trocar de motocicleta. É porque a renda dele já está permitindo e uma coisa puxa outra. O Consumo estimula o comércio, que estimula a indústria, que gera emprego, que gera renda."
LOC.: Além disso, de acordo com os dados, o comércio varejista online cresceu de 4,7% para 8% entre 2019 e 2022.
A comerciante Joana dos Santos, de 48 anos, é dona de uma loja na Feira Central de Ceilândia, no Distrito Federal. Ela explica que durante a pandemia precisou adaptar-se para continuar a vender produtos.
TEC./SONORA: Joana dos Santos, de 48 anos, mora em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal
"Na pandemia eu recebi o auxílio do governo, mas era um valor bem abaixo das minhas vendas. Como os comércios precisavam ficar fechados, eu precisava vender pela Internet, postava nas redes sociais, como WhatsApp e Instagram, e entregava na casa dos clientes."
LOC.: O economista da CNC Fabio Bentes ressalta a recuperação do setor de comércio em relação à receita operacional, que cresceu 68% desde 2020. Para ele, o comércio virtual auxiliou o setor nesse período.
TEC./SONORA: Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
"Portanto, em três anos o setor conseguiu crescer bastante em termos de geração de receitas e essa recuperação na receita operacional líquida se deu, sobretudo, por conta da digitalização do consumo. A quantidade de estabelecimentos comerciais que vendem on-line cresceu 80% num período em que as vendas no e-commerce brasileiro cresceram 225%."
LOC.: Estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina lideram em participação no setor.
Para os próximos anos, Bentes alerta para o desafio contínuo representado pela concorrência desleal de produtos importados, especialmente da Ásia, e a necessidade de ações do governo para proteger o comércio nacional.
Reportagem, Nathália Guimarães