foto: cottonbro studio/pexels
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CNI integra grupo do governo que combate crise do metanol

Comitê criado pelo Ministério da Justiça busca conter casos de intoxicação, reforçar fiscalização e articular ações entre setor produtivo e poder público


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai participar do grupo de trabalho criado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para enfrentar a crise do metanol. O Comitê foi anunciado na terça-feira (7) pelo ministro da pasta, Ricardo Lewandowski, e contará também com representantes do governo federal e entidades do setor de bebidas. 

De acordo com o ministério, o grupo visa promover uma resposta rápida e articulada para conter os casos de intoxicação pela substância, fortalecer o setor produtivo afetado e integrar ações e boas práticas entre poder público e iniciativa privada. 

Segundo o Ministério da Saúde, até esta quarta-feira (8), foram registradas 259 notificações por intoxicação por metanol relacionadas ao consumo de bebida alcoólica. Do total, 24 foram confirmados e 235 estão sob investigação. São Paulo é o estado com maior número de casos, com 20 confirmados e 181 em investigação. Os cinco óbitos confirmados também ocorreram em São Paulo. Outros 11 seguem em investigação. 

A CNI declarou solidariedade às famílias das vítimas e defendeu a coordenação entre União, estados e municípios para reforçar a fiscalização e a atuação conjunta das forças de segurança, vigilância sanitária e órgãos de inteligência.

“No atual contexto, as organizações industriais são fontes confiáveis de informação para conscientizar consumidores e profissionais do setor de bebidas sobre a importância de reconhecer marcas autênticas e identificar sinais de adulteração. A indústria também contribui com alertas sobre riscos à saúde e segurança, associados ao consumo de produtos irregulares e com a divulgação de canais de denúncia de atos ilícitos”, detalhou a entidade, em nota.

A professora do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB), Grace Ghesti, explica que as bebidas destiladas e de marcas importadas – que têm um custo mais elevado no mercado – são o principal alvo de adulterações. “As fábricas clandestinas fazem de tudo para que a adulteração seja imperceptível para a gente e que eles possam, então, vender pelo mesmo preço de uma bebida original”, informa. 

Falsificação leva a prejuízos bilionários

Além de colocar a vida da população em risco, as falsificações e outros crimes, como contrabando, pirataria, roubo de cargas e sonegação fiscal, alimentam o crime organizado e geram perdas bilionárias à economia. Estudo da CNI, da Firjan e da Fiesp estimou em R$ 453,5 bilhões o prejuízo causado por atividades ilegais em 16 setores em 2022 — montante superior ao PIB do estado de Santa Catarina. Apenas em tributos, deixaram de ser arrecadados R$ 136 bilhões, e cerca de 370 mil empregos diretos deixaram de ser criados.

De acordo com a entidade, o combate ao mercado ilegal deve incluir campanhas de conscientização de consumidores e profissionais do setor sobre como identificar produtos autênticos e canais para denunciar irregularidades.

A professora Grace Ghesti destaca a importância de sempre avaliar a procedência das bebidas alcoólicas antes do consumo, observando se os lacres estão íntegros, por exemplo, além de buscar um estabelecimento confiável para comprar ou consumir o produto. Ela explica que, em caso de suspeita de intoxicação por metanol, é preciso procurar uma unidade de saúde imediatamente e informar a bebida e a quantidade consumidas. 

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LOC: A Confederação Nacional da Indústria, a CNI, vai integrar o grupo de trabalho criado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para enfrentar a crise do metanol. O comitê foi anunciado pelo ministro Ricardo Lewandowski e vai reunir representantes do governo federal e de entidades do setor de bebidas.

O objetivo é dar uma resposta rápida aos casos de intoxicação provocados pela substância, fortalecer o setor produtivo e integrar ações entre o poder público e a iniciativa privada.
Segundo o Ministério da Saúde, até esta quarta-feira, oito de outubro, foram registradas duzentas e cinquenta e nove notificações por intoxicação relacionada ao consumo de bebidas adulteradas com metanol.

Vinte e quatro casos foram confirmados e duzentos e trinta e cinco ainda estão sob investigação. O estado de São Paulo concentra o maior número de ocorrências, com vinte casos confirmados e cinco óbitos.

A CNI declarou solidariedade às famílias das vítimas e defendeu esforços coordenados entre União, estados e municípios para reforçar a fiscalização e combater o mercado ilegal. A entidade também destacou a importância de conscientizar consumidores sobre como identificar produtos autênticos e denunciar irregularidades.

A professora do Instituto de Química da Universidade de Brasília, Grace Ghesti, explica que as bebidas mais visadas pelas falsificações são as destiladas e de marcas importadas. 

TEC./SONORA: Grace F. Ghesti, professora do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB)
“Não é à toa que são relatados os casos de pessoas que ingeriram bebidas destiladas e muitas vezes importadas, justamente porque tem um valor agregado mais alto e elas conseguem, no caso, violar a embalagem, adicionar metanol, corante e assim, então, conseguem fazer com que um lote da bebida importada renda muitos outros lotes.”


LOC.: Além dos riscos à saúde, a falsificação de bebidas e outros crimes, como contrabando e sonegação fiscal, causam grandes prejuízos à economia. Um levantamento da CNI, da Firjan e da Fiesp estima perdas de mais de quatrocentos e cinquenta bilhões de reais em dezesseis setores só em 2022 e cerca de trezentos e setenta mil empregos diretos deixaram de ser criados.

Para a CNI, o enfrentamento ao mercado ilegal deve combinar fiscalização, campanhas educativas e ações conjuntas entre governo e indústria.

Reportagem, Cristina Sena