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Levantamento do Ministério da Saúde mostra que até a primeira semana de maio foram registrados quase 758 mil casos prováveis de dengue no Brasil, um aumento de 151,4% na comparação com o mesmo período de 2021. A região Centro-Oeste foi a que teve a maior taxa de incidência da doença. E Brasília foi a cidade com maior número de adoecimentos: 37.856, uma taxa de incidência de 1.223,4 casos a cada 100 mil habitantes.
Levantamento da Secretaria de Saúde do Distrito Federal mostra que, em um ano, houve um aumento de 538% nos casos de dengue. Entre janeiro e abril deste ano, a secretaria já foi notificada de quase 40 mil casos de dengue. Uma dessas pessoas foi Karla Muniz, de 53 anos, que se infectou com dengue no final de abril. Moradora do Guará, região administrativa do Distrito Federal, ela conta que passar pela doença foi complicado. Com febres que não cediam e dores no corpo, procurou o serviço de saúde por duas vezes para receber o diagnóstico. “Fui orientada a fazer bastante repouso para evitar que virasse uma dengue hemorrágica”, lembra.
Engana-se quem pensa que o mosquito da dengue gosta de água suja. As fêmeas preferem recipientes com água limpa que estejam em ambientes escuros. Segundo dados do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), realizado pelos municípios e sistematizado pelo Ministério da Saúde, 42% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão em depósitos de água que servem ao consumo humano. Locais como caixas d’água, piscinas, eletrodomésticos, garrafas, fontes ornamentais e até mesmo objetos religiosos podem ser um depósito de ovos para a fêmea do mosquito da dengue.
Muito relacionado a quintais e chácaras, os ovos do mosquito também podem se desenvolver em apartamentos. O último levantamento do Ministério da Saúde apontou também que depósitos móveis, fixos e naturais aparecem como segundo maior foco de procriação dos mosquitos, com 32%, enquanto depósitos de lixo têm incidência de 25%. A professora de Farmacognosia da Universidade de Brasília, integrante do projeto ArboControl, Laila Salmen, alerta que o Aedes aegypti é um inseto altamente adaptado a ambientes urbanos.
“O mosquito deposita os ovos na superfície da água, assim na beiradinha, em torno do recipiente onde tem a água. Mas desde que tenha um movimento com essa água um aumento do volume de água esses ovinhos podem eclodir”, detalha a pesquisadora. Como os ovos têm uma coloração parecida com preto, para proteger a prole, os mosquitos fêmeas preferem recipientes escuros ou que estejam em locais com pouca luz para evitar sua eliminação.
O mosquito tem um ciclo de vida de mais ou menos 30 dias, desde a forma do ovo até a fase adulta. Uma fêmea tem capacidade de depositar até 1,5 mil ovos, mas não coloca todos de uma vez. Esses ovos podem ficar até um ano vivos à espera das condições de umidade e temperatura ideais para se desenvolver. “A fêmea precisa de sangue para amadurecer os ovos e, pouco a pouco, ela te pica, amadurece os ovos e põe uns 200 ovinhos. Aí passa um um tempinho, ela pica outra pessoa e põe mais 200 ovinhos”, explica.
Com baixa autonomia de voo (cerca de 200 metros), o mosquito tem circulação limitada mas com grande potencial de transmissão de dengue, zika ou chikungunya, caso haja doentes no local. “Se o mosquito picar alguém que está com dengue, ele vai carregar esse vírus com ele e o mosquito também vai se infectar. Aí a próxima pessoa que o mosquito fêmea picar, para amadurecer os ovinhos, vai também ficar infectada com o vírus da dengue”, esclarece Salmen.
Portanto, ao perceber mosquitos com pintinhas brancas, é importante fazer a inspeção do local, mesmo que em apartamento. A dona de casa de Ribeirão Preto (SP), Tereza Cristina de Souza, de 60 anos, conta que os agentes de vigilância sanitária encontraram criadouros atrás do recipiente de sua geladeira, um local que ela não imaginava que poderia ser um criadouro. Ela teve dengue e, uma semana depois, seu marido também foi contaminado com o vírus.
Juliano Melo, epidemiologista, secretário Adjunto de Vigilância e Atenção à Saúde de Mato Grosso, orienta que a participação de toda a sociedade na fiscalização e eliminação de condições que possam servir de foco para o mosquito, são fundamentais. “Muitas vezes as pessoas consideram que seu ambiente é seguro sem fazer nenhuma análise, sem fazer nenhuma avaliação. Falam: ‘Aqui em casa não tem problema, quem tem problema é o vizinho é o outro’. E aí quando você vai na casa, porque teve um caso grave ou óbito e a gente vai investigar, 90% das vezes a gente encontra o criadouro dentro do imóvel”, diz o agente público.
O médico infectologista Hemerson Luz lembra que não há vacina contra a dengue. Por isso, a melhor forma de prevenção, é acabar com os criadouros do mosquito. Além disso, o uso de roupas compridas e repelentes também é recomendado. “Não há tratamento específico. É importante bastante hidratação e medicamentos sintomáticos”, diz. O médico lembra que é importante que a pessoa faça repouso e que, no caso de agravamento dos sintomas, procure uma unidade de saúde para atendimento.
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Fonte: Ministério da Saúde
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