LOC.: Após dois adiamentos, o projeto que muda as regras de funcionamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) deve ser votado nesta semana na Câmara dos Deputados. A principal mudança é a retomada do chamado voto de qualidade, que serve como desempate em julgamentos de recursos que tratam de demandas tributárias. As alterações, propostas no relatório do deputado Beto Pereira, do PSDB de Mato Grosso do Sul, tendem a ser positivas apenas para o governo, apesar das emendas que afastam multas e juros dos contribuintes em casos decididos pelo voto de qualidade. É o que avalia o advogado tributarista Sérgio Cavalheiro.
TEC./SONORA: Sergio Cavalheiro, advogado.
“O melhor para os contribuintes e empresas, seria o formato que nós tínhamos para antes que previa que em situações de empate, o critério para desempatar os julgamentos do Carf seria uma decisão favorável aos contribuintes. Portanto, o impasse sempre seria favorável às empresas. Então, o que se tem é uma solução de meio do caminho”.
LOC.: O Carf é um órgão colegiado, formado por representantes do Estado e da sociedade, responsável por julgar em segunda instância administrativa pendências judiciais em matéria tributária e aduaneira, como importação e exportação de mercadorias. Inicialmente, a retomada do voto de qualidade foi inserida na Medida Provisória onze sessenta, de dois mil e vinte três, anunciada pelo governo em janeiro, como parte do pacote fiscal de 59 bilhões de reais que pretendia melhorar as contas públicas.
Para o deputado Joaquim Passarinho, do PL do Pará, apesar das melhorias na proposta, o ideal seria prevalecer o direito do contribuinte, em caso de empate.
TEC./SONORA: Joaquim Passarinho, deputado federal (PL-PA)
“Ele melhorou, porém, nós ainda continuamos firmes na nossa posição de que o melhor seria, em caso de dúvida o voto seja pró-contribuinte. Este é o teor do que foi votado há 2 anos atrás nessa casa, nada mudou de lá para cá, apenas o governo. E o governo entende que esse é o momento de arrecadar e o Carf não é feito para isso. E nós temos certeza de que todas aquelas grandes causas em que as empresas que perderem por voto de qualidade, vão ajuizar os seus débitos e isso não vai ter arrecadação tão cedo”.
LOC.: A expectativa é que a matéria seja votada na Câmara dos Deputados até sexta-feira (7), até para destravar a pauta da Casa que impede a apreciação de outros projetos econômicos do governo, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária.
Reportagem, Landara Lima.