Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Brasil gerou 21,4 mil empregos a cada R$ 1 bi exportado para a UE em 2022

O dado é da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e o bloco europeu pode alavancar novas vagas formais, principalmente no setor industrial


Em 2022, a cada R$ 1 bilhão que o Brasil exportou para a União Europeia, foram gerados 21,4 mil empregos, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, a concretização do acordo de livre comércio entre o Mercosul e o bloco europeu tende a promover a criação de mais postos formais de trabalho. 

E, uma vez que quase metade do que o Brasil vende aos europeus é bem industrial, a tendência é que a formalização do tratado entre os dois blocos econômicos impulsione os empregos nas fábrica. Tal movimento é necessário para a economia brasileira, defende Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e doutor em direito internacional pela USP. 

"O Brasil sofre uma desindustrialização precoce. [O acordo pode levar] a um processo de reindustrialização. É na indústria onde estão os melhores salários e os salários mais especializados. O Brasil precisa se reindustrializar", diz. 

Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), concorda que o acordo pode trazer novos empregos. "Eu vejo que o acordo do Mercosul com a União Europeia é importante, inclusive sobre este [emprego]. A nossa política não tem alinhamento automático e é muito importante que se faça esse acordo para abrir as perspectivas da economia."

A título de comparação, as vendas do Brasil para a China – nossa maior parceira comercial – geraram 15,7 mil empregos a cada R$ 1 bilhão, de acordo com a CNI. 

Acordo entre Mercosul e União Europeia pode ajudar na retomada da indústria brasileira

União Europeia (UE) importou US$ 50,9 bi do Brasil em 2022, de acordo com o Comex Stat

Negociação

O acordo entre Mercosul e União Europeia foi anunciado em junho de 2019, após duas décadas de negociações. O texto prevê que mais de 90% do comércio de produtos entre os países que fazem parte dos dois blocos terão os impostos de importação zerados em um intervalo de até 15 anos. 

Mas 4 anos após o anúncio persistem alguns entraves para a consolidação formal do acordo. O primeiro deles tem relação com a pauta ambiental. Os europeus fizeram mais exigências ao Brasil e aos demais membros do Mercosul quanto ao combate ao desmatamento. Os sul-americanos veem o aditivo como uma tentativa de proteger os produtores agrícolas da União Europeia. Um outro ponto de discordância refere-se à possibilidade de empresas europeias concorrerem com as nacionais pelas compras do governo federal. 

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LOC.: Em 2022, a cada um bilhão de reais que o Brasil exportou para a União Europeia, foram gerados mais de 21 mil empregos, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria. A CNI também afirma que a concretização do acordo de livre comércio entre o Mercosul e os europeus tende a promover a criação de mais postos formais de trabalho. 

Quase metade do que o Brasil vende aos europeus é bem industrial. Por isso, a tendência é que a formalização do tratado entre os dois blocos econômicos impulsione os empregos nas fábricas. Tal movimento é necessário para a economia brasileira, defende Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior. 

TEC./SONORA: Welber Barral, ex-secretário do Comércio Exterior
"O Brasil sofre uma desindustrialização precoce. Isso poderia melhorar com um acordo bilaterial com a Europa, mas mais do que isso, a um processo de reindustrialização, já que é na indústria onde estão os melhores salários e os salários mais especializados. O Brasil precisa se reindustrializar."
 


LOC.: A título de comparação, as vendas do Brasil para a China – nossa maior parceira comercial – geraram cerca de 16 mil empregos a cada R$ 1 bilhão, de acordo com a CNI. 

Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, destaca a importância do acordo sob o aspecto da geração de empregos.  
 

TEC./SONORA: senador Renan Calheiros (MDB-AL)
"Eu vejo que o acordo do Mercosul com a União Europeia é importante sob qualquer aspecto, inclusive sobre este [geração de empregos]. A nossa política não tem alinhamento automático e é muito importante que se faça esse acordo para abrir as perspectivas da economia."
 


LOC.: O acordo entre sul-americanos e europeus foi anunciado em junho de 2019, após duas décadas de negociações. O texto prevê que mais de 90% do comércio de produtos entre os países que fazem parte dos dois blocos terão os impostos de importação zerados em um intervalo de até 15 anos. Mas alguns pontos, como a questão ambiental, ainda travam a formalização da parceria. 

Reportagem, Felipe Moura.