LOC.: Em 2025 o Brasil pode ter uma incidência elevada de casos de arboviroses acima do observado em 2024, segundo uma nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde na última sexta-feira (3). As modelagens preditivas do MS apontam para uma elevação de incidência de casos de arboviroses em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Segundo a nota técnica, a continuidade do fenômeno El Niño em 2025 pode intensificar a situação por conta do impacto no clima e nas condições favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti. Além disso, destaca que o El Niño de 2023 foi um fator de alerta para o aumento de casos no ano passado e sua manutenção aponta para alerta de aumento também este ano.
O documento traz ainda um alerta para o aumento da circulação do sorotipo 3 da dengue nas últimas semanas de 2024, principalmente no Amapá, São Paulo e Minas Gerais. O sorotipo não tem incidência relevante no país desde 2008, e o que predomina no Brasil é o 1 (73,4%), seguido do 2 (25,9%).
De acordo com o MS, a circulação do tipo 3 pode elevar os casos, tendo em vista que boa parte da população não possui imunidade para o sorotipo.
Diante de um cenário com tendência de aumento de casos e transmissão de arboviroses no país, a nota técnica traz recomendações de medidas aos gestores locais, como a indicação de que os casos suspeitos de dengue e chikungunya devem ser notificados imediatamente, os dados inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e os óbitos suspeitos investigados com prioridade para reorganizar fluxos de atendimento e evitar novas fatalidades.
A nota técnica também sugere que nos municípios sejam realizadas ações de bloqueio de transmissão assim que forem detectadas as primeiras notificações de casos suspeitos e visitas domiciliares, com eliminação de criadouros.
Para o infectologista Julival Ribeiro, em 2024 faltaram campanhas de conscientização pelo governo para prevenir um aumento expressivo do número de casos. Na avaliação do especialista, as campanhas têm papel importante para mostrar as medidas de prevenção para a sociedade e conter o avanço da doença.
TEC./SONORA: Julival Ribeiro, infectologista
“É muito importante quando a gente tem uma doença tipo dengue, que sejam feitas campanhas de comunicação para prevenção e conscientização sobre a dengue. Então, na minha visão, houveram essas falhas dentro do governo federal.”
LOC.: Segundo o MS, entre as Semanas Epidemiológicas (SE) 1 e 52 de 2024, o Brasil registrou mais de 6,4 milhões de casos prováveis de dengue, o que representou um aumento de 303% em relação ao mesmo período de 2023.
Reportagem, Bianca Mingote.