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O Brasil teve resultado positivo no agronegócio em agosto. As exportações registraram um aumento de 6,6% só neste período, chegando a US$ 15,63 bilhões. O valor corresponde a 50,4% do total exportado pelo Brasil. As informações são do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O analista e consultor de SAFRAS & MERCADO, Fernando Iglesias, explica que esse resultado já era esperado em virtude de o Brasil tem aumentado a quantidade exportada.
“Os produtos do agronegócio brasileiro são muito demandados internacionalmente. Então, o Brasil hoje é a melhor alternativa de fornecimento de carne de frango, tem uma posição muito destacada nas vendas de grão, soja, milho. Tudo isso contribui para os resultados da balança comercial”, avalia.
Uma análise da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa) apontou o milho, a soja em grãos, o farelo de soja, o açúcar e a carne de frango in natura como os produtos que mais se destacaram no mês.
O analista Fernando Iglesias acredita que o Brasil tem uma ótima capacidade de fornecimento e ainda é um mercado que consegue exportar o ano inteiro.
“O Brasil consegue produzir soja, milho, carnes de uma maneira bastante uniforme, de norte a sul do Brasil. Lógico, a região Sul se destaca na produção de carne de frango, de carne suína, mas o Brasil consegue produzir de uma maneira uniforme, de norte a sul do país — e isso dá um destaque muito interessante”, ressalta.
O especialista acrescenta: “O importador, quando vem ao mercado brasileiro, ele tem a certeza de que o produto que ele está adquirindo ele vai receber. Ele encontra aqui essa capacidade singular de fornecimento”, revela.
Apesar do resultado parecer satisfatório, o engenheiro agrônomo, Samuel de Deus, diz que existem muitas dificuldades com a produção, principalmente do milho, que foi o produto com maior destaque, segundo o Mapa.
“O milho é uma produção que tem mais custos, mais desafios ao longo do ciclo. E esses desafios são aí a cigarrinha do milho, que é a principal praga do milho hoje em dia. E acaba descendo muito a produtividade do milho. E ainda não existem materiais resistentes, nem defensivos agrícolas que possam sanar de vez com esse problema”, ressalta.
Samuel de Deus ainda destaca o preço como um fator de interferência. “O número de milho que a gente aqui tem no Norte, Nordeste do país, no Centro-oeste também, reduziu bastante as áreas de produção. Por quê? Por questão de preço. O milho aí no ano passado virava em torno de 80 reais a saca do milho, mais ou menos, e hoje aí tá pra metade disso”, lamenta.
Com as dificuldades para cultivar o milho, o engenheiro diz que os produtores buscam alternativas. “O produtor se vê nesse período reduzindo mais as áreas de milho e focando talvez mais na soja, onde ele tem um cenário de melhoria no preço, consegue lidar com os problemas das principais pragas e doenças que existem na soja. Mas o milho aí vai ser para os próximos anos”, observa.
De acordo com os dados, o milho foi o produto que conseguiu alcançar o recorde mensal da série histórica em valor e quantidade. Já em agosto, a soja em grãos e o farelo de soja bateram recorde de valor e quantidade.
O analista e consultor de SAFRAS & MERCADO Fernando Iglesias acredita que o cenário ainda pode melhorar. “Para o mês de setembro, o que nós temos de indicação de fila de navio nos portos está apontando para embarques superiores a 10 milhões de toneladas de milho. O Brasil também vai muito bem na carne de frango, vendendo mais de 400 mil toneladas regularmente. Uma capacidade de fornecer produtos para mais de 100 países”, ressalta.
O especialista também projeta melhoria na economia se o país continuar com a produção elevada. “Um agronegócio tão potente assim, é sem dúvida um fator a ser comemorado do ponto de vista econômico, porque gera receitas para o país. A balança comercial é bastante superavitária, muito em função dos produtos do agronegócio, que também gera milhares de empregos”, diz.
O consultor ainda reforça que o Brasil é uma grande potência agrícola. “Ele consegue excelentes resultados no mercado internacional, oferecendo uma variedade enorme de produtos que englobam as principais commodities agrícolas que são produzidas em escala global”, informa.
Para alcançar resultados satisfatórios, o engenheiro agrônomo Samuel de Deus acredita que será necessário mais empenho e investimentos no setor. Ele vê que ainda existem muitos desafios.
“Eu vejo uma questão de muito trabalho, muita pesquisa, porque a situação não está fácil não. A maioria dos produtores que eu dou consultoria, todos, principalmente aqui no oeste da Bahia, norte de Goiânia, deixaram de produzir ou reduziram bastante os números de hectares de milho, por exemplo”, salienta.
Segundo o levantamento, entre janeiro e agosto deste ano as exportações somaram US$ 112,68 bilhões, alta de 4,2%. O incremento se deve à expansão da quantidade exportada, mesmo com recuo de 5,2% no índice de preços. As vendas de soja em grãos, açúcar e milho foram os produtos que mais contribuíram para o desempenho favorável no acumulado do ano.
O Brasil também exportou 425 milhões de toneladas de carne de frango in natura, com expansão de 3,3%, o que equivale à cifra de US$ 780 milhões. E o açúcar registrou vendas externas de US$ 1,78 bilhão, com alta de 48,7% e a quantidade exportada foi de 3,63 milhões de toneladas (+23,0%), recorde para os meses de agosto.
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