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A data de 29 de outubro marca o Dia Mundial do AVC. O Acidente Vascular Cerebral também é conhecido como derrame. Segundo a Organização Mundial do AVC (WSO), essa é a doença que mais mata no Brasil, com 70 mil óbitos todos os anos. Somente em julho deste ano, o AVC matou 8.758 brasileiros, o que corresponde a 11 óbitos por hora, de acordo com dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil.
O derrame acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, o que provoca paralisia da área cerebral devido à falta de circulação sanguínea. Os AVCs podem ser tanto hemorrágicos quanto isquêmicos. Victor Hugo Espíndola, neurocirurgião, explica a diferença entre as duas classificações da doença.
“O AVC isquêmico acontece quando há obstrução da artéria, seja por uma placa de gordura ou algum trombo (trombose) que se formou em algum outro lugar do corpo, migrou e obstruiu uma artéria cerebral. Um território cerebral que seria irrigado vai ficar sem sangue, vai sofrer um AVC”, informa o neurocirurgião. Segundo o Ministério da Saúde, o derrame isquêmico é o tipo mais comum e representa 85% dos casos da doença.
Já o AVC hemorrágico é caracterizado pelo extravasamento de sangue para o cérebro, segundo Victor Hugo. “Normalmente por um ruptura da artéria, seja por um aneurisma cerebral, que é uma dilatação da parede da artéria, esta dilatação vai se romper, ou, por exemplo, uma má formação das artérias das veias”, afirma. Apesar de mais raro, nesse tipo de AVC a hemorragia pode causar morte com uma frequência maior.
Quanto mais rápido o tratamento, maior a chance de recuperação completa do AVC. Por isso, é importante ficar atento aos principais sintomas da doença. São eles: confusão mental; alteração da fala ou compreensão; alteração na visão e do equilíbrio; dor de cabeça súbita e sem causa aparente; além de fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna, especialmente em um lado do corpo.
Em caso de suspeita de AVC, Victor Hugo alerta sobre a importância de buscar atendimento médico o mais rápido possível.
Daniela Pina, de 35 anos, sofreu um derrame em março deste ano. Ela conta que estava grávida, e três dias antes do parto começou a sentir dores de cabeça fortes. Após dar à luz, ela continuou a passar mal em casa, estava inchada e apresentava pressão alta. Por isso, ela procurou um hospital e realizou exames para descobrir a causa dos sinais.
Daniela afirma que após os exames foi liberada, mas continuou apresentando cada vez mais sintomas, como fala enrolada, boca e língua dormente. Foi outra vez para o hospital, acompanhada da mãe. “E eu desesperei, na minha cabeça, eu ia morrer, sabe? Eu já tinha ouvido falar em AVC, mas eu não sabia o que era. Não sabia nem os sinais de um AVC. O que fez a diferença para eu não ter uma sequela grave, definitivamente foi a minha mãe ter percebido os sinais na hora e já me levaram para o hospital”, afirma.
Daniela afirma que as lesões do AVC afetaram a parte neurológica e cognitiva. Para se recuperar, ela praticou fisioterapia. Atualmente, ela faz acompanhamento neurológico e psiquiátrico mensalmente, e neuropsicólogo semanalmente.
Existem fatores de risco que contribuem para o AVC. “Os principais são a hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, sedentarismo e obesidade. É muito importante frisar que controlando esses fatores de risco, a gente consegue eliminar cerca de 80% dos AVCs”, informa o neurocirurgião.
Quem passou a cuidar melhor da alimentação e praticar atividades físicas regulares foi Fabricia Chacon, de 44 anos. Ela conta que sofreu um AVC pela primeira vez com 39 anos, e na época, foi diagnosticada com hipertensão. “Eu comecei a tremer, suar frio, a perder a cor, a minha pressão começou a subir. Fiquei internada 15 dias”, relembra.
Após um mês e meio, Fabricia afirma que sofreu outro AVC enquanto estava no trabalho. Dessa vez, os sintomas foram piores e ela ligou para o marido para irem até o hospital. Ela lembra que ficou cinco dias na UTI antes de ser diagnosticada com Síndrome de Anticorpos Antifosfolipídeos (SAF), doença com grande propensão a derrames. Além disso, ela precisou de acompanhamento de um fonoaudiólogo e fisioterapeuta para recuperação das sequelas.
“Eu hoje acompanho, fazendo exames de sangue, uma alimentação mais regrada, não é? E a atividade física, que atividade física faz muita diferença para o corpo inteiro. O nosso corpo, ele foi feito para se mexer. Então pelo menos 30 minutos, uma caminhada”, conta Fabrícia.
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