
LOC.: A necessidade de tecnologias especificas, baixo interesse político e falta de financiamento são alguns dos motivos que dificultam a prestação do serviço de tratamento de água e esgoto para a população que reside no campo. Na opinião do técnico de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea, Gesmar Rosa dos Santos, as fragilidades estruturantes do setor nas áreas rurais, principalmente no Norte e Nordeste, onde o esgotamento sanitário é conhecido pelo grande déficit de atendimento, dificultam a oferta de saneamento básico adequado.
TEC./SONORA: Gesmar Rosa, técnico IPEA
“Saneamento é infraestrutura. É caro e as pessoas não conseguem, não tem conhecimento em sua casa, pessoas mais simples do meio rural, aí você imagina quilombolas, seringueiros, ribeirinhos, outros povos tradicionais, tem muita dificuldade de entender o que fazer, achar a tecnologia mais adequada, dar manutenção e fazer o projeto para fazer uma instalação. Custam milhares de reais para fazer um sistema melhorado de esgotamento sanitário e de abastecimento de água”,
LOC.: De acordo com dados do IBGE (2023), entre os domicílios rurais, 40,2% (ou 3,7 milhões) tinham fossa séptica não ligada à rede, enquanto 50,5% deles (ou 4,6 milhões) contavam com outro tipo de esgotamento em 2022. Para a presidente executiva do Instituto Trata Brasi, Luana Pretto, o poder público precisa se envolver mais com a questão. Para ela, a falta de investimentos e de participação nos contratos de concessão, atrasam ainda mais as obras de infraestrutura.
TEC./SONORA: Luana Pretto, Trata Brasil
“Quando se licita esse serviço ou ainda quando se faz um contrato entre a prefeitura e uma concessionária estadual de saneamento básico, muitas vezes a área de responsabilidade dessa concessionária é a área urbana. E por isso que muitas vezes fica a cargo da prefeitura a realização dos serviços de saneamento nessas áreas rurais”
LOC.: Segundo o diretor executivo da ABCON SINDCON, a associação das operadoras privadas de saneamento, Percy Soares Neto, o saneamento rural segue como um problema grave no Brasil, porque muitas das soluções não têm escala o suficiente para ter um operador tecnicamente qualificado.
TEC./SONORA: Percy Soares, ABCON
“Nós vamos ter que ter programas que levem técnicos da área de saneamento para apoiar essas comunidades rurais, principalmente na adoção, na escolha, adoção, implantação e monitoramento dessas situações alternativas”,
LOC.: Segundo os especialistas, falta decisão dos governos para apoiar iniciativas das comunidades e ele próprio elaborar projetos e fazer obras e instalações, aumentar a melhoria e o atendimento com soluções alternativas. Para eles, o tratamento tem que ser simplificado porque não tem como você fazer redes grandes nessas localidades.
Reportagem, Lívia Azevedo