Câncer de mama: CEVISA/Divulgação
Câncer de mama: CEVISA/Divulgação

Dia Nacional da Mamografia alerta para importância de diagnóstico precoce

Oncologistas lembram que o exame simples pode ser fundamental para salvar vidas. Câncer de mama é o que mais mata mulheres no País

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Um exame simples, disponível na rede pública de saúde, é a maior arma contra o câncer que mais mata mulheres no País. Para levar conscientização sobre a importância desse diagnóstico, o Dia Nacional da Mamografia é lembrado em todo dia 5 de fevereiro, desde a Lei nº 11.695/2008. O exame é realizado por uma radiografia das mamas em equipamento de raios X capaz de identificar alterações suspeitas, e é uma das melhores ferramentas para o tratamento adequado.
 
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), estimam-se 66.280 novos casos de câncer de mama no Brasil para cada ano do triênio 2020-2022. Porém, se 720 mulheres, com idade de 50 a 69 anos e sem alto risco para o câncer, fizerem mamografias de rastreamento, a cada dois anos, uma mulher escapará da morte por essa doença. E estar viva contando a história de superação de um câncer é motivo de muita felicidade para mulheres que enfrentaram essa luta. 
 
É esse o caso de Andressa Mickaely, 23 anos, moradora do município de Formosa, em Goiás. Mesmo fora do grupo etário de maior risco, ela descobriu um câncer de mama aos 18 anos, após sentir um nódulo no seio. Após exames médicos, a jovem precisou realizar uma mastectomia total, retirando toda a mama. “Depois, comecei as quimioterapias, com oito ciclos, quatro da vermelha e quatro brancas. Estou tomando medicações até hoje, meu cabelo caiu, tive que retirar a outra mama, por prevenção. Foi um tratamento muito longo, muito doloroso”, conta.
 
Apesar de toda essa caminhada árdua, hoje Andressa sabe como poucos da importância da identificação precoce. “Hoje estou aqui contando minha história. Estou bem, fiz reconstrução, coloquei prótese, meu cabelo cresceu. Os médicos até falaram que era impossível eu ter filho, o que era um sonho meu, mas esse milagre aconteceu. Semana que vem ele vai fazer um ano de idade e até me emociono”, desabafa. Agora, a jovem leva a história de vida de conscientização para todas. “Falo para elas que o câncer de mama não escolhe status financeiro, peço que elas se toquem, se cuidem, façam os exames de rotina”.


 
O câncer de mama tem risco estimado de 81,06 casos novos a cada 100 mil na Região Sudeste, local com maior quantidade proporcional. As regiões Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Norte, respectivamente, puxam a fila de maiores incidências. “O câncer de mama, hoje, se tornou o câncer mais incidente do mundo, segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde, superando o câncer de pulmão. No Brasil, ele se rivaliza com o câncer de próstata masculino. Em relação à mortalidade, a gente percebe uma queda gradual, com estimativa de 14 óbitos para cada 100 mil mulheres, porque os tratamentos têm sido mais eficientes e o diagnóstico mais precoces”, define Marcelo Bello, médico mastologista e diretor do HCIII, unidade do Inca exclusiva para tratamento de câncer de mama.
 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o número de mortes pela doença diminui de 15% a 45% nas populações que têm acesso à mamografia preventiva periódica. O exame deve ser feito de maneira rotineira, pelo menos a cada dois anos, a partir dos 40 anos para as mulheres em geral e pelo menos 10 anos antes da idade em que um familiar como mãe, pai, irmã tiveram a doença.

Enfrentamento 

O médico Rafael Kaliks, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), destaca que os números mostram que a mamografia deve ser levada extremamente a sério, pois trata da doença que mais mata mulheres na nossa sociedade. “De fato, quando a gente diagnostica um câncer com base em uma mamografia de rastreamento, que é aquela feita antes de a mulher sentir qualquer alteração na mama, a chance desse tumor ser detectado em tamanho pequeno é muito grande. Junto com essa chance grande de detectar em tamanho pequeno, vem a chance muito grande de curar essa doença”.
 
Ester Sjobon, 58 anos, moradora de Brasília, descobriu o câncer em exames e passou por quimioterapia, cirurgia, radioterapia e reconstrução mamária. “Eu recomendo que se faça o exame de toque, que descobre a maior parte dos cânceres mamários. É importante pelo menos uma vez ao ano, e foi assim que descobri o meu. No meu caso, ele já estava em estágio avançado e não apresentava no toque. Por isso a importância do diagnóstico precoce”, afirma. Para ela, o mais difícil foi passar pela quimioterapia vermelha, mais agressiva. “Mas eu sabia que todos os efeitos colaterais eram passageiros. Isso me fez enfrentar”, relata.
 
Além dos exames preventivos, adotar hábitos de vida mais saudáveis também pode ser essencial para evitar qualquer tipo de câncer, como explica Liz Almeida, chefe da coordenação de prevenção e vigilância do Inca. “Um terço dos casos de câncer poderiam ser evitados se nós não tivéssemos alguns comportamentos que hoje são as principais causas relacionadas ao câncer. Os fatores de risco modificáveis, como uso de tabaco, uso de álcool, dieta e nutrição inadequadas, falta de atividade física e outras”. Também nesta semana, foi celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer, em 4 de fevereiro.
 
Para que toda conscientização seja cada vez mais ampliada, médicos ressaltam a importância de conhecer as características suspeitas de um possível câncer de mama e divulgar a maneira de identificação. Alguns sinais e sintomas são: nódulos, pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito, pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço e saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos. 

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