Data de publicação: 12 de Dezembro de 2022, 04:00h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:35h
Em novembro deste ano, o Ministério da Saúde lançou portaria que institui incentivo financeiro para o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual.
Mas afinal, o que é pobreza menstrual? De acordo com a ginecologista Nycolle Pinto, é a falta de condições de realizar higiene menstrual adequada. A falta de condições pode ser estrutural, por falta de itens básicos de higiene, como absorventes, saneamento básico, água encanada. E até mesmo falta de conhecimento e informação a respeito do ciclo menstrual.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que a pobreza menstrual é considerada um problema de políticas públicas e violação de direitos humanos, já que é uma questão que afeta diretamente a vida de meninas e mulheres jovens que vivem abaixo da linha da pobreza.
Ainda de acordo com a ONU, a pobreza menstrual vai além da saúde física. Estudos apontam que a falta da dignidade menstrual afeta também a saúde mental e é uma das principais causas da evasão escolar de jovens na faixa etária dos 13 aos 19 anos, por conta do desconforto e da discriminação.
A ginecologista explica que, ainda que seja um problema maior, existem algumas práticas para que possamos melhorar a pobreza menstrual como o autoconhecimento e educação.
“Melhorar a forma de educação com palestras, promoção de saúde e autoconhecimento no SUS, ampliar o acesso a informação em escolas. São os primeiro passos, além de mobilizar a sociedade a fazer alguma coisa, como doações e divulgação do tema”, afirma.
Para amenizar o problema, o diretor do Centro de Educação 11, da Ceilândia (DF), Kiko Gadelha, conta que as professoras do centro educacional criaram um projeto dentro da escola para que todos os meses sejam feitas doações de itens básicos de higienes para as meninas da escola.
Além disso, Kiko fala sobre a relevância de se abordar temas como este nas salas de aula: “A importância de falar sobre a dignidade menstrual na vida das meninas é gigante. Às vezes as famílias não têm a cultura para falar sobre isso e acaba que vira um tabu. Então aqui na escola a gente tenta fazer isso para que essas meninas saibam o que é”, enfatizou.
O diretor conta que por estarem localizados em bairro mais pobre, muitas meninas às vezes usam folhas, panos e outros itens não-adequados para a higiene pessoal, quando menstruadas. Por isso, o projeto criado dentro da própria escola é essencial para a saúde delas.
Apesar de ser um problema simples de solucionar para a maioria da população, pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza ainda sentem muita dificuldades, por não terem condição de separarem recursos para a compra de absorventes e outros itens de higiene pessoal. A falta de absorvente é uma ponta do problema para quem vive sem água, esgoto e energia.