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LOC.: O Congresso Nacional discute o Projeto de Lei 1.087, de 2025, que pode mudar a forma como empresas e pessoas físicas pagam impostos no Brasil. A proposta amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até cinco mil reais por mês, mas também retoma a cobrança sobre lucros e dividendos — que deixaram de ser tributados em 1996.
Pelo texto, a alíquota seria de 10% sempre que o valor distribuído a pessoas físicas for igual ou superior a 50 mil reais por mês, ou 600 mil por ano.
A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, a Associação Comercial de São Paulo e a FecomercioSP divulgaram um manifesto contra a proposta.
Para as entidades, o setor produtivo já paga uma carga de impostos elevada, que soma 34% sobre o lucro, além de outros tributos como PIS, Cofins, ISS e ICMS. Elas alertam que a mudança pode gerar insegurança jurídica, evasão fiscal e reduzir investimentos.
O presidente da CACB, Alfredo Cotait Neto, reforçou que “o governo precisa dar sua parcela de contribuição com a redução do gasto público”. Para o dirigente, não “é justo transferir essa conta para o setor produtivo, que já sustenta uma carga pesada”.
Especialistas também têm críticas. O advogado tributarista e mestre em Direito pela PUC-SP, Thulio Carvalho, avalia que a proposta pode trazer mais problemas do que soluções.
TEC/SONORA: Thulio Carvalho, advogado tributarista e mestre em Direito pela PUC-SP
“Outra coisa totalmente diferente quando se fala em criar um imposto sobre dividendos, que hoje não existe. Essa medida não seria positiva para a competitividade das atividades empresariais no Brasil, porque, de fato, acrescentaria mais complexidade ao sistema jurídico e não resolveria o problema de forma completa. Esse objetivo poderia ser alcançado de maneira muito mais simples, por exemplo, com um ajuste de alíquota, se fosse necessário.”
LOC.: Pensamento que o vice-presidente jurídico da CACB, Anderson Trautman, compartilha.
TEC/SONORA: Anderson Trautman, vice-presidente jurídico da CACB
“Utilizar o aumento da carga tributária para viabilizar a medida, na nossa ótica, significa tirar competitividade das empresas brasileiras, especialmente dos pequenos negócios.”
LOC.: Especialistas avaliam que, se aprovado, o projeto pode diminuir a atratividade do país para investimentos e criar obstáculos para o crescimento econômico. Ao mesmo tempo, reconhecem que a atualização da tabela do Imposto de Renda é necessária para corrigir uma distorção que afeta milhões de brasileiros.
Reportagem, Livia Braz