LOC.: O Brasil investe hoje 22 bilhões e 500 milhões de reais em serviços básicos de saneamento, conforme os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, ano base 2022. O número parece satisfatório, mas ainda é insuficiente para cumprir as metas do Novo Marco Legal do Saneamento, até 2033, segundo análise do Instituto Trata Brasil. O mais recente estudo mostra que, segundo estimativa do Plano Nacional de Saneamento Básico, ainda são necessários cerca de 551 bilhões de reais — referente a junho de 2022 — para alcançar as metas de universalização.
O advogado especialista em direito ambiental Caio Freitas analisa o cenário. Para ele, o avanço na cobertura dos serviços não ocorre na velocidade desejada pela falta de priorização política do assunto.
TEC./SONORA: Caio Freitas especialista direito ambiental
“O saneamento básico nunca esteve ou poucas vezes esteve tanto em evidência na mídia e no debate público como agora, desde a aprovação do novo marco legal. A mídia faz uma cobertura constante sobre o assunto, mas ainda assim parece que isso não foi capaz de mobilizar as autoridades para destinar recursos especificamente para que os projetos e as obras possam acontecer. Talvez ainda prevaleça no setor aquela antiga máxima de que o saneamento básico não é um setor a ser priorizado, porque as obras decorrentes não geram grande visibilidade por serem obras enterradas e, por isso, não dão voto.”
LOC.: A jornada rumo à universalização do saneamento básico no Brasil ainda é longa. Conforme o estudo do Trata Brasil, para que toda a população tenha acesso aos serviços de água e esgotamento sanitário, é fundamental aumentar os investimentos para ampliar a infraestrutura básica do setor. Até 2033, são necessários 46 bilhões e 300 milhões de reais anuais ao longo dos próximos anos.
Na opinião da presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, o Brasil investe por ano muito menos do que seria preciso para atingir a meta de universalização do saneamento em 2033.
TEC./SONORA: Luana Pretto, Trata Brasil
“Em Roraima, por exemplo, 100% dos municípios são irregulares; na Paraíba 63%; no Piauí 61%; no Acre 56%. Então a gente está falando ainda de municípios onde a companhia de saneamento não conseguiu comprovar que vai fazer esses investimentos. E esses municípios que estão irregulares, historicamente, investiram muito pouco em saneamento básico.”
LOC.: A macrorregião Norte teve o menor investimento do quinquênio, com cerca de 5 bilhões de reais, o que representa aproximadamente 5% do total. Trata-se da região com os piores indicadores de atendimento. Sob perspectiva estadual, o Amapá teve o menor investimento no período, somando apenas 108 milhões e 400 mil reais entre 2018 e 2022, menos de 0,1% do total, segundo o levantamento.
Reportagem, Lívia Azevedo