LOC.: Mais da metade da produção nacional de cana de açúcar no país vem do estado de São Paulo. O maior produtor do Brasil terá um prejuízo milionário, na casa dos R$ 350 milhões, por conta dos incêndios que destruíram parte das lavouras na última semana. Mas o prejuízo total estimado pelo estado chega a R$ 1 bilhão.
As queimadas trazem impacto econômico, social e ambiental, mas não só isso. Nos solos atingidos pelo fogo elas modificam as propriedades físicas, químicas e biológicas, isso por que são perdidas grandes quantidades de carbono, nitrogênio, potássio e enxofre no processo de combustão.
O pesquisador Alberto Bernardi, da Embrapa Pecuária Sudeste, explica que a queima da cobertura vegetal deixa o solo descoberto, exposto à radiação solar e com o aumento de temperatura, o que leva ao ressecamento ao longo do dia.
TEC/SONORA: Alberto Bernardi, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste
“À noite ocorre uma perda de calor por que esse solo está exposto, então há um aumento da amplitude das variações térmicas. Essas variações de temperatura vão prejudicar a absorção de nutrientes e toda a vida do solo.”
LOC.: As queimadas ainda trazem outros prejuízos, avalia o pesquisador.
TEC/SONORA: Alberto Bernardi, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste
“Outro problema desse solo exposto é a erosão, seja pela ação do vento ou pelo impacto das gotas de chuva. Quando vierem as primeiras chuvas essas gotas vão chegar a um solo descoberto, que pode levar a uma compactação, um selamento superficial. Então há uma diminuição da infiltração de água, um aumento do escorrimento e o processo de erosão está estabelecido.”
LOC.: O processo de recuperação do solo é longo — pode levar cerca de três anos — e os custos para os produtores são altos, afirma o pesquisador.
Segundo o Cepea/USP, os preços dos principais derivados da cana-de-açúcar ainda não sofreram qualquer modificação ou impacto por conta do prejuízo nas lavouras. No estado paulista, o açúcar ainda mantém os preços de R$ 130 pela saca de 50kg.
Reportagem, Lívia Braz