Queima de fogos em praia do Rio de Janeiro. Foto: Gabriel Monteiro/Secom RJ
Queima de fogos em praia do Rio de Janeiro. Foto: Gabriel Monteiro/Secom RJ

Queima de fogos no Réveillon: como fazer de maneira segura e proteger bichos de estimação do barulho excessivo

Especialista dá dicas desde a compra até a soltura dos artefatos. Cães e gatos são mais sensíveis ao barulho dos fogos de artifício, veja como minimizar impacto

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A queima de fogos de artifício já se tornou uma tradição nas comemorações do Réveillon, não apenas no Brasil, mas em vários países. Este ano, por conta da pandemia da Covid-19 e do surgimento da variante Ômicron, várias cidades brasileiras cancelaram a festa da virada, mas capitais como Rio de Janeiro, Recife e Boa Vista mantêm o cronograma de fogos e devem proporcionar um show de cores nos ares. 

Têm aqueles que, além de assistir ao espetáculo, querem participar ativamente do momento, soltando fogos de artifício assim que o ponteiro do relógio chegar à meia-noite. 

No entanto, a festa deve vir acompanhada de alguns cuidados, orienta Paulo Jorge, capitão e oficial de informações públicas do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). “Os fogos, geralmente, estão ligados a comemorações ou festividades, mas eles podem causar sérios danos a pessoas, meio ambiente e, também, aos animais”, avisa. 

O portal Brasil 61 separou as dicas da corporação para você estourar os fogos de artifício com responsabilidade. Veja abaixo: 

  • Adquira o produto em uma casa ou comércio devidamente credenciado junto ao Corpo de Bombeiros;
  • Leia e siga as instruções das embalagens. Fique atento à data de validade do produto;
  • Caso tenha que armazenar o produto, guarde-o em local frio e seco;
  • Solte os fogos sob a supervisão de um adulto; 
  • Utilize esses artefatos de acordo com a idade indicativa da embalagem; 
  • Nunca tente reutilizar os fogos que tenham apresentado algum tipo de problema. Se o produto não funcionou, inutilize-o ao mergulhá-lo em uma bacia com água;
  • Nunca atire os fogos em direção a pessoas ou animais;
  • Evite soltar esses artefatos próximos a hospitais, postos de combustíveis ou mesmo a residências; 
  • Não solte fogos de artifício em ambientes fechados. Procure ambientes abertos e amplos;
  • Não solte esses fogos caso esteja ingerindo bebida alcoólica; 
  • Em caso de shows pirotécnicos, em que é utilizada grande quantidade de fogos, deve-se contratar um profissional da área (blaster);
  • Em caso de acidente, ligue para o Corpo de Bombeiros por meio do 193. 

Legislação

O capitão do Corpo de Bombeiros Paulo Jorge lembra que é necessário ficar atento à legislação municipal antes de comprar fogos de artifício. Isso porque não há uma lei nacional que trate sobre a comercialização desses produtos. Ou seja, cada cidade é responsável por decidir sobre a venda e uso dos artefatos. 

Em Brasília, por exemplo, a Lei 6.647/2020 proíbe a queima de fogos de artifício com estampido, ou seja, barulho. No DF, só podem os fogos que produzem efeitos visuais sem estampido ou com barulho de baixa intensidade. 

A proibição do uso de fogos de artifício com estampido gera polêmicas Brasil afora. Em Martinópolis, na região de Presidente Prudente (SP), só podem ser vendidos os fogos de artifício que não fazem barulho, graças a uma lei aprovada pela Câmara Municipal em outubro de 2020. 

O então prefeito, Cristiano Macedo Engel, chegou a entrar com uma ação no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) alegando que a norma era inconstitucional, pois restringia o consumo, invadindo uma competência que cabe ao Governo Federal. No entanto, os desembargadores mantiveram a decisão do legislativo local e a restrição continua valendo. Fogos de artifício em Martinópolis, apenas sem estampido. 

Cuidado com os pets

A virada de ano costuma ser uma tortura para os bichos de estimação. Isso porque a queima de fogos com estampido prejudica a audição desses animais, como cachorros, gatos, coelhos, hamsters e chinchilas. Carolina Fernandes, médica veterinária e dona de dois cachorros, explica que esses bichos têm uma espécie de superaudição se comparada a dos humanos. "Os pets convencionais têm  uma audição quatro vezes mais apurada do que a nossa. Um barulho que é um pouco alto para a gente, para eles vai ser extremamente alto”, explica. 

O prejuízo não significa, necessariamente, uma lesão no aparelho auditivo. O medo que toma conta desses animais diante do barulho excessivo faz com que eles tentem, de qualquer maneira, fugir para longe daquele ruído. É aí que mora o perigo. 

“O animal vai ficar com muito medo, muito excitado, e isso pode causar taquicardia. Ele não consegue controlar o medo dele, por isso não consegue te escutar, tenta fugir daquele som muito estrondoso, e aí acontecem as fugas. Nessas fugas pode acontecer atropelamento. Se ele estiver preso em algum lugar pode tentar forçar a saída e se machucar”, diz Carolina. 

A veterinária dá algumas dicas que podem ajudar os bichos de estimação a passar a virada do ano mais tranquilamente. Confira: 

  • Se possível, não deixe o pet sozinho. Ele deve estar sob alguma supervisão, seja de um tutor ou cuidador;
  • É importante tirar o animal da área externa para a área interna (um local mais fechado para que o som não entre ou seja minimizado);
  • Fechar as janelas e portas ajuda a isolar o barulho;
  • Deixe música ou televisão ligadas no ambiente em que o pet está. Isso vai ajudar a distraí-lo do barulho dos fogos;
  • Brinque ou deixe um brinquedo que o bicho de estimação mais gosta para distraí-lo dos estampidos. 

Segundo a veterinária, alguns cuidados podem ser tomados horas antes da queima de fogos, como a utilização de florais. “Os florais são medicações homeopáticas que não precisam de prescrição médica. Eles são vendidos em farmácias homeopáticas ou em alguns pet shops também. Pode ser misturado na água, e o ideal é começar um ou dois dias antes, colocando quatro gotinhas três vezes gotas ao dia na água, ou diretamente na boca do animal. Isso vai deixando ele mais tranquilo até chegar o dia”, completa. 

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