Data de publicação: 16 de Agosto de 2021, 03:00h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:34h
A Fundação Hemocentro de Pernambuco (Hemope) alerta que os estoques do banco de sangue do estado estão em situação crítica. Apenas o tipo sanguíneo AB negativo se mantém em nível estável, de acordo com dados divulgados pela instituição.
As doações de sangue em Pernambuco tiveram uma queda de 5,5% com a pandemia da Covid-19. Segundo a Hemope, foram coletadas cerca de 205.500 bolsas de sangue em 2019, contra 194.314 no ano passado. De janeiro a julho deste ano, mais de 85 mil doadores passaram pelo hemocentro. O quantitativo não é suficiente para atender toda a demanda na rede pública estadual de saúde.
A rede Hemope conta o Hemocentro Coordenador, que funciona na capital, na Rua Joaquim Nabuco, número 171, Bairro das Graças, telefone (81) 3182-4600, e mais seis hemocentros regionais: Caruaru, Palmares, Garanhuns, Ouricuri, Serra Talhada e Petrolina.
Segundo Lésbia Sitcovsky, gerente do Hemope de Recife, para manter o estoque regular é muito importante ter doadores fidelizados que compareçam ao hemocentro regularmente. O ideal é que os homens doem sangue quatro vezes ao ano, enquanto as mulheres podem doar até três vezes. Já a doação de plaquetas por aférese pode ser feita em até 24 vezes ao ano. A gerente pede para as pessoas que estejam em bom estado de saúde e dentro dos critérios de doação se mobilizem e doem sangue para salvar vidas.
“É importante que quando você der entrada no hospital tenha sangue disponível para te atender. Mas para isso é preciso que alguém tenha doado quatro ou cinco dias antes para que o sangue esteja pronto para uso. Por isso, é muito importante que um banco de sangue tenha uma quantidade de doador fidelizado e preocupado com a saúde do outro. Seja um doador de sangue e repita esse ato sempre que puder.”
Lésbia Sitcovsky explica que quase 3% da população pernambucana é doadora. O percentual está dentro dos parâmetros recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, Lésbia afirma que o indicador está longe de ser o ideal para atender com segurança os moradores do estado, que já soma mais de nove milhões de pessoas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Como a gente é um centro de saúde de referência com grandes hospitais e hemocentros, eu acho que essa demanda precisa ser maior. O número de cirurgias e tratamentos com transfusão de sangue depende de doação. Precisamos ter uma estabilidade durante todo ano.”

Exemplo de solidariedade
Cássia Regina Cunha mora no bairro Curado IV, em Jaboatão dos Guararapes. Ela trabalha como captadora de doadores no Hemope e doa sangue há quase quatro décadas. A pernambucana conta que a sua primeira doação foi feita em 1982 para ajudar o irmão que sofria de um câncer. Desde então, Cássia não parou mais e já fez 90 doações. Hoje, aos 63 anos, ela doa a cada seis meses devido a sua idade.
“Me sinto bem e sei que não faz falta ao meu organismo. Sei também que estou contribuindo para a melhora da vida do próximo. Gostaria de dizer às pessoas que nunca fizeram esse procedimento que não esperem um dia ter uma necessidade. O bom mesmo é você se sentir privilegiado em poder fazer o bem.”
E foi com esse desejo de fazer o bem ao próximo que Lael da Silva, 43 anos, tomou a decisão de se tornar doador de sangue. O vigilante mora no bairro de Maranguape I, no município de Paulista. Ele comparece ao Hemope uma vez ao mês para doar plaquetas.
“Comecei a ser doador em 1996. Ali vi a importância de ser um doador, é valioso na vida daqueles que necessitam de sangue diariamente. Muitas dessas doações são feitas sem sequer você saber para quem está doando.”
Ao longo desses 25 anos, Lael soma mais de 130 doações de sangue. Ele afirma que não vai parar por aqui. O seu desejo é ajudar o máximo de pessoas que puder até atingir a idade limite permitida para doação. Para o vigilante, ser doador representa mais que solidariedade ao próximo, mas um ato de gratidão pela vida.
“Doo mensalmente. No momento em que você desperta para ser um doador de sangue é porque você está doando vida e temos que ser gratos por ela. Não espere que alguém que está ao seu lado precise para que você doe. Não haja dessa forma, não espere que isso bata em sua porta. Faça com amor e prazer.”

Importância da doação regular
A doação é voluntária e pode beneficiar milhares de pessoas, independente do parentesco. De acordo com o Ministério da Saúde, são realizadas três milhões de doações de sangue por ano na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, destaca a importância da doação regular.
“Vamos aproveitar essa oportunidade para reafirmar não só as ações de enfrentamento à pandemia, mas também a necessidade contínua de cumprir o preceito constitucional da saúde como direito fundamental. O sangue, ao longo do tempo, simboliza a vida. E nesse sentido, é importante a doação regular de sangue. Doe sangue regularmente, com a nossa união, a vida se completa.”
Onde doar sangue em Pernambuco
O Hemope possui cinco unidades de coleta em Pernambuco, localizadas nos municípios de Recife, Caruaru, Petrolina, Ouricuri e Salgueiro. Procure uma unidade mais próxima da sua cidade e faça a sua doação de sangue e medula óssea. Você pode agendar o dia e horário da sua doação pelo 0800-081-1535. Para saber mais informações sobre endereços e horários de funcionamento das unidades, veja o mapa abaixo.
Critérios para doação de sangue e medula óssea
De acordo com a Coordenação-Geral de Sangue e Derivados do Ministério da Saúde, o procedimento para doação de sangue é simples. Primeiro se faz o cadastro, aferição de sinais vitais, teste de anemia, triagem clínica, coleta de sangue e depois o lanche. Isso tudo leva em média 40 minutos.
Vale lembrar que até mesmo quem foi infectado pelo coronavírus pode doar sangue e medula óssea. No entanto, é necessário aguardar 30 dias após completa recuperação da doença. Quem teve contato com pessoas infectadas também precisa esperar 14 dias para poder fazer a doação, apresentando RT-PCR negativo e ausência de sintomas. Já os vacinados, devem esperar o tempo de imunização que vai depender da marca do imunizante.
Para doar sangue é necessário ter entre 16 e 69 anos de idade e pesar no mínimo 50 quilos. Mulheres podem doar até três vezes ao ano com intervalo de 3 meses entre as doações. Já os homens podem doar até quatro, com intervalo de 2 meses entre as doações. A doação é voluntária e uma bolsa de apenas 450mL de sangue pode ajudar até quatro pessoas.
Candidatos a doação de medula óssea devem ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e não apresentar doença infecciosa ou incapacitante. Segundo o Redome, algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.
Doar sangue e medula é seguro! Com a pandemia, todos os protocolos de contenção contra a Covid-19 estão sendo realizados. No dia da doação, será preciso apresentar documento de identificação com foto. Para saber mais sobre os critérios e restrições para doação de sangue e de medula óssea, acesse o site hemope.pe.gov.br.