Para uns sentença de morte, para Georgina renascimento

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Este ano celebramos os 30 anos do Dia Mundial de Luta Contra a Aids. De lá pra cá as informações e as coisas mudaram. E muito! Mas vamos voltar no tempo. O ano é 1999, 17 anos após o primeiro caso de aids no Brasil e apenas três anos, que os remédios antirretrovirais começaram a ser distribuídos pela rede pública. Neste cenário está a professora de ciências Maria Georgina Machado, na época com 37 anos. Viúva, sem os pais, sem nem mesmo uma tia no estado de Sergipe. Sozinha, com uma filha de 12 anos. Desempregada, entrando e saindo de hospitais, sem nunca entender o porquê.

“Desde 96 que eu fui perdendo peso, perdendo peso...e aquela diarreia constante. Aí, eu ia me internava, tomava soro. Isso foi 96, 97,98, 99 eu passei a ficar entre hospital e casa, até que eles me internaram de vez e foi descoberto o diagnóstico. Eu, como professora, eu ensinava. Eu era até professora de ciência, mas, assim, a gente ensina o que está nos livros. E na realidade eu ainda tenho o livro até hoje que dizia que essa doença era originária de homens que faziam sexo com homens, então, pra mim, eu não estava no grupo.”

Era Aids. O tal mal do século tinha chegado à professora também. Daí então, a vida só caminhou ladeira abaixo. Georgina lembra que não pôde mais voltar às salas de aula devido à doença. Mesmo depois de curada da Aids, ainda Sofria com a resistência dos pais dos alunos e professores que descobriam o diagnóstico, pois, mesmo não estando mais doente, ainda vivia com o HIV. A única ajuda que tinha era da filha, e, ainda assim, passavam dificuldades para comprar comida.

“Eu não tinha emprego, não tinha mais o que comer, eu ia comer o quê? Fazer o quê? Não tinha mais aquela alimentação. Hoje você tomou um café com pão, não. Tinha dias que só tinha o café, tinha dias que só tinha o pão, tinha dias que não tinha o arroz. E tudo isso eu passei com ela, até que chegou ao ponto que só tinha os vasos, algumas panelas, umas cadeiras velhas e pronto, acabou-se a casa.”

Se você pensou que então ela desistiu, pode ter certeza de que está errado! Acostumada a lecionar, a professora tornou o HIV e a Aids seus novos instrumentos de trabalho. Georgina participou da primeira capacitação do Projeto Cidadã Positiva, em Natal, no Rio Grande do Norte. Desde então, leva seu conhecimento sobre o vírus em palestras por todo Brasil. Ela é mais um exemplo de que o HIV tem tratamento, e a melhor forma de se viver bem é saber seu diagnóstico! Faça o teste em uma unidade de saúde do seu Estado. Use sempre camisinha, conheça as outras formas de prevenção combinada no SUS, e proteja-se. Trinta anos do Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. Uma bandeira de histórias e conquistas. Saiba mais em aids.gov.br. Ministério da Saúde, Governo Federal.

 

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