
LOC.: No Brasil, o investimento em infraestrutura continua sendo liderado pela iniciativa privada. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria aponta que, até o fim de 2025, cerca de 72% dos aportes previstos no setor virão de empresas privadas — o que representa quase 278 bilhões de reais.
No ano passado, os investimentos em infraestrutura chegaram a 266 bilhões de reais, com destaque para os setores de energia elétrica, transportes, saneamento e telecomunicações.
Segundo Ramon Cunha, especialista em infraestrutura da CNI, o país ainda investe abaixo do necessário para manter e expandir a estrutura existente. Ele destaca os impactos dessa defasagem:
TEC/SONORA: RAMON CUNHA, especialista em infraestrutura da CNI
“Isso reflete, na prática, em estradas com conservação inadequada, instabilidade em termos de fornecimento de energia e serviços de telecomunicação e ainda precariedades no abastecimento de água e tratamento de esgoto.”
LOC.: Desde a década de 1990, o setor privado vem ganhando espaço na infraestrutura nacional, especialmente após a criação de marcos regulatórios que garantiram mais segurança jurídica para os investidores. No entanto, o investimento público segue essencial para atender demandas sociais mais amplas.
Para o economista e pesquisador da Unicamp, Sillas Sousa, os objetivos de cada tipo de investimento são diferentes. Ele explica.
TEC/SONORA: SILLAS SOUSA, economista e pesquisador da Unicamp
“Enquanto uma empresa quer explorar uma determinada riqueza, ela vai criar a situação que permita tão somente essa exploração, o setor público, ao fazer o mesmo investimento, ele tem um outro compromisso que é o compromisso do desenvolvimento social.”
LOC.: Mesmo com o aumento dos aportes, o setor ainda enfrenta entraves como insegurança regulatória, demora no licenciamento ambiental e o alto custo do crédito, que dificultam a atração de novos projetos.
A CNI propôs um conjunto de medidas para modernizar a infraestrutura do país. Entre elas, estão o fortalecimento das agências reguladoras, ampliação do papel do BNDES no financiamento sustentável e o aumento da governança nos investimentos. A meta é que os aportes no setor cheguem a 4% do PIB nos próximos anos — o patamar considerado necessário para atender à demanda da população e impulsionar o crescimento econômico.
Reportagem, Livia Braz