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Os estados de Minas Gerais, Acre, Paraná — e o Distrito Federal —apresentam os maiores índices de casos prováveis de dengue no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. No país, o coeficiente de incidência atual é de 194,6 casos para cada 100 mil habitantes no país. No total, foram registrados mais de 395 mil casos prováveis da doença este ano.
O Distrito Federal apresenta o maior coeficiente de incidência, com 1773,7 casos/100 mil habitantes. Em seguida aparecem Minas Gerais (665,1 casos/100 mil), Acre (542,5 casos/100 mil) e Paraná (387,9). Os estados de Minas Gerais, Acre e o DF estão em situação de emergência de saúde pública pela doença.
Ainda conforme o Ministério da Saúde, a doença atinge, em sua maior parte, o sexo feminino. Em 2024, 54,9% dos casos registrados foram em mulheres e 45,1% em homens. Moradora de Luziânia, região administrativa do Distrito Federal, a representante comercial Daniela Borges, de 57 anos, teve dengue hemorrágica. Ela conta que entre diagnóstico e tratamento da doença se passaram 15 dias.
“Eu comecei com sintomas de febre, mal-estar e dor no corpo. Já no segundo ou terceiro dia eu já fiz o teste, deu reagente e eu já fiquei muito sem capacidade para me alimentar porque a dengue atacou meu fígado, me deu uma crise hepática aguda. Eu fiquei vários dias sem conseguir me alimentar de nada. Só me hidratando com água ou bebida leve. E logo as plaquetas já estavam caindo. Eu comecei com sangramento na boca, o que caracterizou dengue hemorrágica”, relata.
De acordo com o sanitarista Jonas Brant, vários fatores contribuíram para a atual epidemia de dengue.
“Um deles foi o El Niño. O El Niño fez com que a gente tivesse uma onda de calor muito grande no final do ano. Teve uma antecipação das chuvas na região Centro-Oeste. Então a gente teve algumas chuvas bem importantes antes do comum na região Centro-Oeste. E isso fez com que a gente tenha esse aumento também de chuvas na região sul e sudeste do Brasil. Além disso, a gente teve uma desmobilização dos serviços de vigilância epidemiológica, que, depois da pandemia de Covid, não sofreu uma reestruturação. Então a gente estava fragilizado nessa vigilância, sem conseguir inovar, sem uma estratégia clara”, destaca.
O sanitarista ainda ressalta que pelos próximos dois meses deve ocorrer aumento do número de casos. “Nós vamos viver no mês de fevereiro e o mês de março ainda com uma subida importante no número de casos. A epidemia ainda vai crescer muito antes de começar a reduzir. Em geral, ela começa a cair em abril. Então, a gente não tem um grande desafio pela frente. E nesse sentido, nós precisamos unir todos, a população — e lógico que há uma responsabilidade do governo”, completa.
Brant ainda destaca que é necessário ações em diversas frentes para combater a ameaça da dengue.
“O governo é a representação dessa população para articular todo esse esforço que a gente vai precisar nesse momento, que vai envolver toda a área da limpeza pública, a área da educação, a área da saúde de maneira geral. Mas muito também da população, para que cada um monitore a sua casa, ajude a lembrar o vizinho da importância desse trabalho. Se todo mundo vistoriar suas casas uma vez por semana para garantir que nós não tenhamos criadores, a gente tem uma condição de baixar essa infestação e fazer com que essa epidemia não ceife tantas vidas”, diz.
O aumento do número de casos da dengue ocorre em meio à expectativa pelo início da vacinação. Inicialmente, 521 municípios de 16 estados e o Distrito Federal que preenchem os requisitos para o início de vacinação. Conforme o Ministério da Saúde, ao todo, 5,2 milhões de doses da vacina deverão ser entregues ao longo de 2024. Para 2025, a pasta já contratou outras 9 milhões de doses.
No Distrito Federal, as primeiras doses chegaram na tarde desta quinta-feira (8). Foram entregues 71,708 mil doses da vacina, número abaixo do esperado, (194 mil). Segundo o governo do DF, não há previsão de chegada de outras remessas.
De acordo com a SES-DF, a vacinação para crianças e adolescentes da faixa etária entre 10 e 14 anos vai iniciar nesta sexta-feira (9) a partir das 7h. Ao todo, 37 unidades básicas de saúde vão oferecer a imunização, sem necessidade de agendamento. Confira aqui os pontos de vacinação.
Para os demais estados priorizados pelo Ministério da Saúde, a distribuição dos imunizantes continua sem data definida, conforme informaram as Secretarias de Saúde do Paraná (SESPA) e Espírito Santo (SESA).
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