LOC.: A polarização política, mais uma vez, ganha destaque dividindo o país. Dessa vez, o gatilho é o decreto presidencial que limita a ação policial das forças de segurança, publicado no fim de dezembro. No texto, diretrizes para o uso de armas de fogo e instrumentos não letais, além de condutas de abordagens, buscas domiciliares e atuação dos policiais penais nas unidades prisionais.
Logo nos primeiros dias a publicação gerou reações. Um dos primeiros a se manifestar foi o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) que disse que o decreto traz apenas “chantagem e falta de inovação”. Também contrário ao decreto, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MBD), disse que trata-se de “mais uma interferência do governo federal na autonomia dos estados e do DF, ferindo a Constituição”.
No Sul e no Sudeste, os governadores formalizaram a crítica com uma nota conjunta pedindo a revogação do documento. Tarcísio de Freitas, Cláudio Castro, Romeu Zema e Ratinho Júnior alegam que a medida "beneficia a ação de facções e pune homens e mulheres que diariamente arriscam suas vidas em prol da sociedade".
Enquanto os governadores do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país reagiram contra o documento, no Nordeste a reação foi oposta. A manifestação também veio em forma de nota, assinada por nove governadores nordestinos, por meio do Consórcio Nordeste, e defende o documento alegando que ele “não altera a autonomia dos estados”.
O cientista político Eduardo Grin, destaca que não há nada de novo no decreto e explica o alarde em torno do documento por conta da politização que ganhou.
TEC/SONORA: Eduardo Grin, cientista político
“Os principais governadores do Sul e do Sudeste têm posições políticas completamente opostas às do governo federal e o tema da segurança pública é muito importante pois é uma das duas atribuições constitucionais que garante autonomia de atuação dos estados. Essa é a maneira que o governo federal vem adotando de, lentamente, começar a produzir alguma coordenação nacional maior, como tem na saúde com o Sistema Único de Saúde.”
LOC.: O especialista destaca que o tema da segurança pública é muito visível eleitoralmente. E que nenhum estado quer perder essa autonomia na segurança pública.
Entre as diretrizes previstas pelo decreto, a que o uso da arma de fogo só poderá ser feito por profissionais da segurança pública federal como último recurso. O documento também prevê que armas de fogo não deverão ser usadas contra pessoa desarmada que esteja em fuga e veículo que desrespeite o bloqueio policial.
Além disso, o uso de força só poderá ser feito quando outros recursos não forem suficientes e o nível de força utilizado seja compatível com a ameaça da situação. Também coloca que uso inadequado deve levar à responsabilização do policial.
Reportagem, Livia Braz