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Uma comitiva do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) já está na Jordânia. O país do Oriente Médio é a primeira parada dos brasileiros em busca de fertilizantes. A comitiva, liderada pelo ministro da Pasta, Marcos Montes, vai também ao Egito e ao Marrocos nos próximos dias.
Até o próximo dia 14, os brasileiros terão encontros com representantes de empresas estatais e privadas. Segundo o MAPA, nas reuniões, além de negociar fertilizantes, a comitiva também vai tentar ampliar os investimentos de empresas internacionais no Brasil.
Na Jordânia, a negociação será por fornecimento de fertilizantes à base de potássio. No Egito, o foco serão os fertilizantes nitrogenados e no Marrocos, os fosfatados. “Também vamos aproveitar a viagem para consolidar os nossos produtos agropecuários nesses três países, por isso, acredito que a viagem terá sucesso e voltaremos, se Deus quiser, com bons resultados”, disse o ministro Marcos Montes em um vídeo publicado em suas redes sociais.
A agenda do ministro na Jordânia, começa neste sábado (7), e prevê reuniões com diretorias de importantes empresas produtoras de potássio, como a Arab Potash Company (APC), que produz mais de 2,4 milhões de toneladas por ano, e a Jordan Phosphate Mining Company (JPMC), com capacidade de produção superior a 7 milhões de toneladas ao ano. Também estão previstas reuniões com o ministro da Agricultura da Jordânia, Khaled Musa Henefat, e com o ministro da Indústria, Comércio e Abastecimento, Youssef Al-Shamal.
Na segunda-feira (9), a agenda será na capital do Egito, Cairo. A previsão é que o ministro brasileiro se reúna com o vice-ministro da Agricultura egípcio, Moustafa El Sayeed, e com o ministro do Abastecimento, Aly Al Moselhy. A delegação vai participar também do Fórum Brasil – Egito: Oportunidades no comércio bilateral. O evento é promovido pela Câmara de Comércio Árabe-Brasil. Reuniões com representantes do setor de fertilizantes e de proteína animal também estão previstas.
A comitiva chega ao Marrocos na próxima quinta-feira, dia 12 de maio. Está previsto um encontro com o Ministro da Agricultura do país, Mohammed Sadiki, além de uma visita à usina de Jorf Lasfar da Companhia Office Chérifien des Phosphates (OCP). A empresa estatal é atualmente a maior fornecedora de fósforo para o Brasil. Marrocos é o segundo maior produtor mundial de fertilizantes fosfatados, responsável por cerca de 17 % da produção global. Em 2021, o Brasil importou mais de US$ 1,6 bilhão em fertilizantes do Marrocos.
Desde o começo da guerra entre Rússia e Ucrânia, a distribuição de fertilizante por parte dos russos, que são os maiores exportadores do produto no mundo, passou a ser uma preocupação: 25% dos fertilizantes importados pelo Brasil vêm da Rússia. Entretanto, na última semana, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), afirmou que cerca de 30 navios carregados de fertilizante estavam vindo da Rússia a caminho do Brasil. Segundo o chefe do executivo, o envio é resultado da viagem que fez em fevereiro, uma semana antes da guerra, ao país de Vladimir Putin.
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Em março, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). A estratégia é reduzir a dependência do Brasil das importações de fertilizantes, mas o documento não surgiu diante da crise instalada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, já que começou a ser elaborado em 2021 (agora formalizado pelo Decreto 10.991).
O objetivo do PNF é criar um planejamento do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos, promovendo o desenvolvimento do agronegócio nacional, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental.
O plano deve trazer equilíbrio entre a produção nacional e a importação, ao atender à crescente demanda por produtos e tecnologias de fertilizantes. O objetivo é chegar a 2050 com a dependência de apenas 45% de importação de fertilizantes.
Segundo a ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, informou, na época, não se trata de o país alcançar a autossuficiência, mas, sim, uma menor dependência externa dos fertilizantes. "Não estamos buscando a autossuficiência, mas sim, a capacidade de superar desafios e manter nossa maior riqueza, o agronegócio, pujante e competitivo, que faz a segurança alimentar do brasil e do mundo. Nossa demanda por nutrientes para as plantas é proporcional à grandeza de nossa agricultura. Mas teremos nossa dependência externa bastante reduzida", disse a então ministra no Palácio do Planalto, no dia do lançamento.
Paulo Afonso Romano, diretor de Infraestrutura Geocientífica do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o Serviço, a Agência Nacional de Mineração e a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo já estavam de olho na questão muito antes de a crise dos fertilizantes, e que já há ciência de que a mineração do potássio é uma questão de extrema importância à economia brasileira.
“O Plano Nacional de Fertilizantes, que ajudamos diretamente na concepção, nasceu não em função de nenhuma dessas crises, nasceu em função da vulnerabilidade e da visão estratégica de governo de que não podemos ser líderes na exportação de alimentos e tão dependentes de importação de fertilizantes. Por esta razão, esse plano nasceu na Secretaria de Assuntos Estratégicos. Nós estamos trabalhando nele há um ano”, conta o diretor da CPRM.
O PNF tem, ao todo, 80 metas a serem atingidas até 2050, entre elas estimular o uso de técnicas inovadoras. Além disso, apresenta oportunidades em relação a produtos emergentes que podem substituir o potássio, como os remineralizadores, ou pó de rocha, como explica Paulo Afonso. “Hoje o conceito está muito mais amplo. Temos os fertilizantes naturais, de rocha moída, conhecido como pó de rocha, são muito mais preparadores da condição de solo para melhorar a utilização de todos os elementos disponíveis no solo. É uma abordagem diferente. Chamamos de remineralizador de solo, que é uma cadeira emergente no Brasil. Estamos falando de crise e abordagem estratégicas para dar início a novas alternativas”, pontua o diretor do CPRM.
Além disso, o PNF aponta para soluções em outras alternativas, como os fertilizantes organominerais e orgânicos (adubos orgânicos enriquecidos com minerais) e os subprodutos com potencial de uso agrícola, os bioinsumos e biomoléculas. Eles fazem parte de um plano B, já que a intensificação da mineração do potássio nas jazidas brasileiras conhecidas demanda alguns anos de preparação e investimento. Na melhor das hipóteses, se não houver nenhum embaraço e a exploração de potássio na Amazônia começar em breve, teremos resultados apenas a partir de 2025. E o trabalho por lá, segundo o CPRM, começou por volta de 2009.
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