Data de publicação: 17 de Agosto de 2023, 19:25h
LOC.: Uma ampla discussão sobre a descriminalização do uso e porte de maconha para uso pessoal tem acontecido nos últimos tempos. Nesta quinta-feira (17), o assunto foi tema de uma sessão de debate temático no Senado Federal. Havia também a expectativa de que o Supremo Tribunal Federal (STF) retomasse o julgamento do processo que discute a descriminalização para consumo próprio. O placar da votação iniciada na semana passada no plenário do STF estava 4 a 0, pela liberação do uso da maconha, em quantidade a ser limitada.
Durante a abertura do debate no Senado, o presidente da casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), levantou diversas questões relativas ao tema e às várias áreas envolvidas. Ele destacou que um amplo debate deve nortear qualquer decisão.
TEC./SONORA: senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
“Precisamos enfim avançar em uma discussão de natureza política, e não restritamente jurídica, para aí sim tomarmos a melhor decisão para o país. Esse é um tema de fato que nós não podemos nos omitir do dever de discuti-lo, porque uma eventual decisão mal tomada gerará consequências muito severas para o Brasil enquanto nação.”
LOC.: Na última quarta (16) o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) divulgaram nota reafirmando o posicionamento contrário à descriminalização da maconha no país. No comunicado, as entidades alertam para os riscos à saúde de forma individual e coletiva, além de reiterar que “o consumo de drogas também contribui para a maior incidência de acidentes de trânsito, homicídios e suicídios”. O coordenador da Comissão de Assuntos Políticos do Conselho Federal de Medicina, o psiquiatra e conselheiro Salomão Rodrigues explica que esse tema é bastante complexo, trazendo consequências a curto e a longo prazo.
TEC./SONORA: coordenador da Comissão de Assuntos Políticos do Conselho Federal de Medicina, o psiquiatra e conselheiro Salomão Rodrigues
“Os médicos brasileiros estão extremamente preocupados com essa possível descriminalização, que seguramente vai gerar problemas muito importantes para a população brasileira, especialmente para adolescentes e adultos jovens. O governo deveria manter o artigo 28 da Lei do Uso de Drogas como constitucional, e fazer um combate mais eficiente. Porque se existe uma droga no mundo que precisa ser banida, essa droga é maconha.”
LOC.: O que está sendo avaliado pelo Supremo Tribunal Federal é a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio. O advogado Berlinque Cantelmo, especialista em ciências criminais e sócio do Cantelmo Advogados Associados, conta o que espera do julgamento.
TEC./SONORA: advogado Berlinque Cantelmo, especialista em ciências criminais e sócio do Cantelmo Advogados Associados
“A expectativa é que de fato o STF trate a questão de uma maneira sensível e muito cautelosa, criando parâmetros específicos e objetivos para que as autoridades policiais tenham condições de auferir em sede de juízo preliminar e superficial, quem de fato é traficante e quem de fato é usuário contumaz de substâncias entorpecentes, inclusive criando talvez um escopo de quantidade da substância específica.”
LOC.: Atualmente, o artigo 28 da Lei 11.343/2006, conhecida como Lei de Drogas, deixou de punir com prisão o porte de drogas “para consumo próprio”, mas não define critérios objetivos para diferenciar consumo próprio de tráfico. Dessa maneira, o porte de pequena quantidade de entorpecentes passou, em muitos casos, a ser qualificado como tráfico, tornando a punição mais dura e aumentando o número de presos pelo delito.
Reportagem, Janine Gaspar