LOC.: Em 2024, o Brasil registrou 6.041 óbitos por dengue, segundo dados do painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde. São Paulo lidera o ranking com 2.058 óbitos, o que representa 34% do total de mortes pela doença em todo o país no ano passado. Já Minas Gerais e Paraná aparecem logo em seguida, com 1.121 e 729 mortes, respectivamente.
No período do verão, com as chuvas intensas que ocorrem no país, as condições climáticas favorecem a proliferação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti.
O médico infectologista do Centro de Segurança Assistencial (CSA) do Hospital Anchieta, Manuel Palácios, de Brasília (DF), explica que as fortes chuvas seguidas de períodos de calor aceleram o ciclo de vida do mosquito, o que aumenta a população e a incidência da doença. Por isso, é importante que toda a população também intensifique os cuidados com a imunização.
TEC./SONORA: Manuel Palácios, médico infectologista do Centro de Segurança Assistencial (CSA) do Hospital Anchieta
“Em períodos de aumento dos casos de dengue, como os previstos para dezembro de 2024 e janeiro de 2025, toda a população deve intensificar os cuidados. No entanto, grupos como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas são mais vulneráveis às formas graves da doença. É essencial que esses grupos participem ativamente na eliminação de criadouros em suas residências e busquem a imunização se disponível é indicada.”
LOC.: Uma nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde no início de janeiro aponta que em 2025 o Brasil pode ter uma incidência elevada de casos de arboviroses acima do observado em 2024.
O documento indica que a continuidade do fenômeno El Niño este ano pode intensificar a situação da dengue no país por causa do impacto no clima e nas condições favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti.
A nota técnica frisa, ainda, que o El Niño no ano de 2023 foi um fator de alerta para o aumento de casos em 2024, e a manutenção do fenômeno também aponta para alerta de aumento para 2025.
O documento alerta também para o aumento da circulação do sorotipo 3 da dengue nas últimas semanas do ano passado, principalmente no Amapá, São Paulo e Minas Gerais. O sorotipo não tem incidência relevante no país desde 2008, e o que predomina no Brasil é o 1 (73,4%), seguido do 2 (25,9%).
De acordo com o MS, a circulação do tipo 3 pode elevar os casos, já que boa parte da população não possui imunidade para o sorotipo.
Além disso, segundo especialistas, a diferença entre o sorotipo 3 e os outros tipos da dengue é que o sorotipo 3 tem maior potencial para causar surtos e está relacionado aos casos mais graves da doença.
O especialista explica que a circulação do sorotipo 3 no país é preocupante, tendo em vista que as pessoas não têm imunidade contra esse vírus.
TEC./SONORA: Henrique Lacerda, infectologista coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Anchieta
“Consequentemente, as pessoas que já tiveram alguma dengue por um outro sorotipo, um ou dois, por exemplo, podem evoluir para formas mais graves por causa da resposta imunológica mais forte, mais exacerbada e isso pode levar a um aumento do número de casos e acabar sobrecarregando o serviço de saúde, com mais internações, pacientes mais graves e até óbito.”
LOC: Com base em modelagens, há previsão de aumento na incidência de casos de dengue em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná. Segundo o Ministério da Saúde, esses estados estão sendo monitorados de perto.
Inclusive, ao longo desta semana, a pasta enviará equipes técnicas para quatro estados brasileiros para apoiar ações locais no controle das arboviroses. De acordo com o MS, a iniciativa busca fortalecer a vigilância epidemiológica, a assistência à população e a reorganização dos serviços de saúde.
Pelo cronograma, a capital do estado do Espírito Santo, Vitória, seria visitada pela equipe técnica na última segunda-feira (13), bem como a cidade de São José do Rio Preto (SP) e Rio Branco (AC). Nesta terça-feira (14), Foz do Iguaçu (PR) deve contar com o apoio da missão do Ministério.
Reportagem, Bianca Mingote.