Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF
Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF

Crise do metanol leva governo a formar comitê de emergência com setor de bebidas

Com aumento dos casos de intoxicação e mortes por metanol, o Ministério da Justiça cria comitê informal para integrar governo, indústria e sociedade civil no combate à falsificação de bebidas


 

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowsi, anunciou a criação de um comitê informal de enfrentamento da crise do metanol em entrevista coletiva concedida na terça-feira (7), após reunião com indústrias de bebidas alcoólicas e associações de combate à falsificação. 

"Chegamos à conclusão de que é Importante montar um comitê de enfrentamento da crise do metanol, informal, onde possa haver troca de informações, de boas práticas e anúncios das providências para avançarmos mais rapidamente na solução do problema", explicou o ministro. 

Destacou ainda que o governo precisa atuar de forma integrada com a iniciativa privada e a sociedade civil, compartilhando informações sobre os casos de intoxicação por metanol no país. 

Impacto da crise do Metanol

Em nota conjunta, a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) e a Associação Brasileira de Combate à falsificação (ABCF) afirmaram que o atual cenário de intoxicações e mortes provocadas pela contaminação por metanol, expõe a fragilidade da fiscalização e ameaça a credibilidade do setor de bebidas e alimentos fora do lar.  

De acordo com a ABCF, a falsificação de destilados cresceu 25,8% entre 2023 e 2024 e já atinge 36% das bebidas comercializadas, conforme o estudo divulgado pela Fhoresp em abril deste ano. 

As entidades solicitaram providências imediatas diante da crise, entre elas, o retorno do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), criado em 2008 e desativado em 2016, que tinha como principal função rastrear a origem e autenticidade das bebidas.

“A ausência de um controle efetivo como o SICOBE facilita a ação do crime organizado e coloca em risco a vida dos cidadãos, o que é inaceitável, e atenta também contra o sustento e a geração de empregos em todo o setor de bares e restaurantes, tão importante para a economia brasileira.”

A Fhoresp estima que o movimento nos estabelecimentos varia de 20% a 30%  devido à crise. O prejuízo com bebidas destiladas (vodka, whisky, gin, entre outras) pode chegar a 50%, reduzindo pela metade o faturamento de bares e restaurantes que dependem desse tipo de produto

Cenário nacional

Segundo dados atualizados pelo Ministério da Saúde na segunda-feira (6), foram registradas 217 notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Sendo 17 casos confirmados e 200 em investigação

O estado de São Paulo registra o maior número de casos (82,49%), com 15 confirmados e 164 em investigação. O Paraná registra dois casos e quatro em investigação. Já Bahia, Distrito Federal e Mato Grosso descartaram os casos que estavam sob análise. 

Até o momento, dois óbitos foram confirmados em São Paulo e outros 12 seguem em investigação.

Com informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério da Saúde e ABCF e Fhoresp
 

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LOC.: O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou a criação de um comitê informal de enfrentamento da crise do metanol. O grupo será formado por representantes do governo, da indústria de bebidas e de entidades de combate à falsificação.

A decisão foi comunicada nesta terça-feira, após reunião com o setor.

Segundo o ministro, o objetivo é trocar informações, compartilhar boas práticas e acelerar medidas para conter os casos de intoxicação por metanol no país. Lewandowski destacou ainda a importância da integração entre o governo, a iniciativa privada e a sociedade civil no enfrentamento do problema.

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares de São Paulo e a Associação Brasileira de Combate à Falsificação alertaram que a crise expõe a fragilidade da fiscalização e afeta a credibilidade do setor de bebidas e alimentos.

As entidades pedem o retorno do Sistema de Controle de Produção de Bebidas, desativado em 2016, que rastreava a origem dos produtos.

Elas também estimam que o movimento em bares e restaurantes caiu entre 20 e 30 por cento, com prejuízo que pode chegar à metade do faturamento em estabelecimentos que dependem das bebidas destiladas.

De acordo com o Ministério da Saúde, o país já registra 217 notificações de intoxicação por metanol. São 17 casos confirmados, a maioria em São Paulo, e dois óbitos já reconhecidos.

Com informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério da Saúde e ABCF e Fhoresp.

Reportagem, Mariana Ramos