LOC: O esperado decreto que redistribui os royalties da mineração aos municípios afetados pela atividade, com o qual o governo pretende regulamentar o setor, foi publicado quinta-feira (24) pelo Ministério de Minas e Energia. No entanto, a medida ainda gera muitas dúvidas nos prefeitos de cidades afetadas pela mineração, assim como nos municípios produtores de minérios.
Os gestores municipais dependem dos repasses da Contribuição Financeira pela Extração Mineral (CFEM) para tocarem obras e implementarem ações que amenizem os impactos causados pela atividade minerária em seus territórios. Os municípios afetados pela atividade mineral são aqueles que não produzem, mas também são impactados indiretamente porque possuem rodovias e ferrovias que cruzam seus territórios e são usadas para o transporte da produção.
A Contribuição é repassada mensalmente a ambos os municípios, os que produzem minérios e os que são afetados indiretamente, mas está atrasada havia vários meses. Contudo, apesar da publicação do decreto, fontes ouvidas pelo portal de notícias Brasil 61 acreditam que o ainda problema pode se arrastar até o fim do ano.
Praticamente todos os prefeitos contatados não quiseram falar sobre o decreto porque, segundo eles, ainda restam muitas dúvidas. Alguns reservadamente disseram que vão esperar o pronunciamento da Agência Nacional de Mineração (ANM) e outros, sob sigilo da fonte, alegaram que vão aguardar que o MME publique Resolução detalhando como será a nova distribuição.
Para o ex-presidente da Amig e ex-prefeito de Itabirito (MG), Waldir Salvador, somente o tempo e a prática poderão mostrar os pontos negativos e positivos do novo decreto. Salvador hoje trabalha como consultor da Amig. Ele informou que, à primeira vista, as cidades portuárias são as que mais deixarão de receber os royalties da mineração.
SONORA: Waldir Salvador, Consultor da Amig
“O efeito positivo nós ainda não sabemos qual vai ser. Na hora de colocar na prática, é que agente vai entender melhor. Agora, o problema é que para colocar a prática ninguém tem nem noção de quando vai acontecer, já que continua a Agência em greve, greve total, então talvez leve aí uns 60 dias para operacionalizar essa nova regulamentação, e ninguém sabe quando virão a receber. Porque com a Agência no estado em que está, ninguém sabe quando vai receber."
LOC: O consultor da Amig acredita que tudo leva a crer que o novo Decreto publicado pelo governo vai fazer com que os municípios impactados pela atividade mineral passem a enfrentar o mesmo problema de atrasos no pagamento da CFEM que é enfrentado pelos municípios produtores.
SONORA: Waldir Salvador, Consultor da Amig
“Hoje tem 1 bilhão e 200 milhões [de reais] parados por causa da greve da Agência e, volto a repetir: não greve de funcionários. Greve de falta de estrutura da Agência. Você imagina o prejuízo para o país: 1 bilhão e 200 que poderiam estar, nesta hora, transformados em políticas públicas de saúde, educação, de política de moradia, de saneamento básico etc., que estão aí, parados, porque a Agência não tem estrutura para fazer a distribuição. E os impactados vão entrar nessa fila também. [O Decreto representa] é um aceno [do governo], mas que a gente não sabe quando ele vai se transformar em realidade."
LOC: O Decreto número 11.659, que redistribui os royalties da mineração, foi publicado na última quinta-feira (24) pelo vice-presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin. O documento do governo prevê vantagens para mais de 1.500 municípios brasileiros que são afetados pela atividade mineral. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a norma fortalece o municipalismo e garante mais retornos sociais à população. A norma deve entrar em vigor dentro de 90 dias.
Reportagem: Jose Roberto Azambuja