LOC.: Olá pessoal, bem-vindos a mais um Entrevistado da Semana. No início desta semana, a população brasileira se deparou com a informação de que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aumentaria o valor cobrado na conta de luz, a partir de junho de 2021. Para comentar sobre esse assunto, convidamos o economista da FGV IBRE, André Braz. Com ele, vamos tentar entender as causas e as consequências dessa medida para o consumidor brasileiro.
André, obrigado por nos receber.
TEC.SONORA: André Braz, economista da FGV IBRE
“É um prazer. Obrigado vocês.”
LOC.: Para dar início, vale lembrar que a Aneel decidiu aumentar o valor da tarifa da conta de luz, alegando que houve uma diminuição nos níveis dos reservatórios de água que ajudam na geração da energia para o País. André, porque a medida teve que ser tomada diante do fato apontado pela Aneel?
TEC.SONORA: André Braz, economista da FGV IBRE
“A geração de energia hidrelétrica é mais barata, mas quando o nível dos reservatórios fica muito baixo, não é possível gerar a quantidade de energia que a economia demanda. Por essa razão, os custos de geração de energia, pela necessidade de acionamento e de outras fontes mais caras de energia, acabam provocando esse encarecimento nas contas de luz. Esse encarecimento é por estágio. Nós temos algumas bandeiras tarifárias, da verde a vermelha patamar 2, que podem ir se alternando em função dos volumes dos reservatórios.”
LOC.: Na sua avaliação, que tipo de comportamento deve ser adotado pela população, pelo menos enquanto durar esse período de aumento na conta de energia?
TEC.SONORA: André Braz, economista da FGV IBRE
“Não deixando a luz acesa em cômodos que não estiverem sendo utilizados, monitorar o banho das crianças com chuveiro elétrico, não deixar eletrodomésticos que não estão sendo usados plugados na corrente elétrica. Todas essas medidas são fundamentais para a economia. Até mesmo, quando possível, a troca de um eletrodoméstico antigo, pouco eficiente em energia, por um mais novo, que seja mais eficiente.”
LOC.: Você considera que o Brasil precisa investir em novas fontes de energia e deixar de ser tão dependente de hidroelétricas?
TEC.SONORA: André Braz, economista da FGV IBRE
“Alguns estados, principalmente do Nordeste do país, já investem em energia eólica, mas ainda é pouco disseminado para termos uma reserva extra de energia, ou fontes de geração de energia, que nos torne mais independentes da parte hidrelétrica. Porque o sistema hidrelétrico precisa de água. Se não tem água, é preciso acionar o sistema termo elétrico. E, no termo elétrico, o custo para geração de energia é mais caro e obriga a agência reguladora a adotar uma bandeira tarifária mais cara.”
LOC.: Com o sistema hidrelétrico, que é o predominante no Brasil, enquanto o tiver volumes elevados de chuva, necessariamente a conta de luz do consumidor virá mais barata?
TEC.SONORA: André Braz, economista da FGV IBRE
“Às vezes chove muito, mas em áreas que não possibilitam a captação desse volume de água para o reservatório. Então, é importante chover, mas nas áreas onde os reservatórios estão instalados. Porque às vezes chove em determinada região do país, a gente acha que o sistema hídrico está se normalizado, mas a conta de luz só faz subir. Isso ocorre porque aquela chuva não está na área em que nos ajudaria a ter uma geração de energia mais barata.”
LOC.: Bom, chegamos ao final do nosso bate-papo. André Braz, muito obrigado por nos atender e pelos seus esclarecimentos. Um forte abraço e até a próxima.
TEC.SONORA: André Braz, economista da FGV IBRE
“Eu quem agradeço pelo convite. Muito obrigado. Um abraço a equipe e também a quem nos assiste.”