O crescimento da economia brasileira em abril registrou uma leve alta de 0,01%, segundo os dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Com isso, o índice alcançou 154,72 pontos no observado e 148,38 pontos na série dessazonalizada.
Para Júlio Miragaya, conselheiro federal do Conselho Federal de Economia (Cofecon), o índice do Banco Central não permite uma análise mais aprofundada em relação do desempenho econômico, pois trata de um único mês e a economia brasileira é "extremamente" volátil.
"Outros índices permitem ter uma análise mais clara, seja pela projeção do Ministério da Fazenda, seja pela projeção do Relatório de Mercado Focus ou do próprio Fundo Monetário Internacional, que aponta um crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] oscilando entre 2% e 2,5%", explica.
André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, afirma que o desempenho do comércio varejista e do setor de serviços influenciaram no resultado de 0,01%.
"A indústria recuou 0,5% em abril e isso acabou puxando o IBC-Br para baixo. No entanto, apesar desse crescimento meramente marginal, depois de uma queda de 0,36% registrada no mês de março, ainda temos o comércio varejista e o setor serviços como catalisadores do crescimento econômico do Brasil em 2024, com ressalva apenas em relação ao mês de maio", destaca.
De acordo com os dados, na comparação com abril de 2023, o IBC-Br registrou um aumento de 4,01%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice avançou 1,81%.
Para o economista Cesar Bergo, o resultado mostra que a economia brasileira está estável.
"Esse número é importante, porque no mês de março nós tivemos uma queda. Isso mostra uma recuperação da economia e, mais do que isso, uma dinâmica positiva. Mesmo que esse mês tenha registrado 0,01%, no acumulado do ano temos [alta] de 2,08%", aponta.
No trimestre encerrado em abril, o IBC-Br registrou um aumento de 0,76% em comparação com o trimestre anterior. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o crescimento foi de 1,63%.
Expectativas
Cesar Bergo explica que o resultado do mês de maio deve ser negativo, devido às questões climáticas e desastres que aconteceram no sul do Brasil.
"Com os investimentos feitos no Rio Grande do Sul para sua recuperação, é provável que a partir de junho haja uma compensação dessa perda e o crescimento deve ser retomado. Não tenha dúvida que o setor de serviço está mostrando muita força", aponta.
Bergo pontua que o Banco Central não deve reduzir mais a taxa de juros e, caso reduza, será em uma dinâmica menor. Ele explica que isso impacta diretamente as finanças das empresas e outras questões relacionadas à economia do país.
Para André Galhardo, as expectativas para os próximos meses são positivas para o comércio varejista e setor de serviços, o que deve dar continuidade ao processo de crescimento da economia brasileira. Ele destaca que a inflação continua subindo, mas em um ritmo menos intenso, o que abre espaço no orçamento familiar e dá condições para famílias consumirem produtos de valores maiores.