LOC.: Diante do cenário de enchentes, perdas e mudanças vividas recentemente pelos gaúchos, crianças e adolescentes podem se sentir ansiosos, com medo e até desenvolver traumas. Por isso, o Fundo das Nações Unidas para a Infância — UNICEF — orienta como pais, responsáveis e cuidadores devem agir para acolher e dar o suporte necessário às crianças.
Antes de mais nada, é importante lembrar que todo adulto responsável pelo cuidado de crianças precisa estar bem para ser capaz de oferecer suporte, explica a oficial de proteção contra violência do UNICEF, Jackline Atwi.
TEC/SONORA: Jackline Atwi, oficial de proteção contra violência do UNICEF
“Uma pessoa que não está bem psicologicamente não vai poder ajudar o próximo. Por isso os pais, cuidadores ou qualquer responsável da comunidade que queira prestar uma atenção para as crianças e ajudá-las, que esteja bem e que procure ajuda quando necessitar. Os adultos e pais também sofreram, não só com o medo e trauma, mas em ver os filhos sofrendo.”
LOC.: É essencial ter uma conversa aberta e cuidadosa para que crianças e adolescentes possam entender a situação e aprender a lidar com ela. Falar de forma tranquila e simplificada, mantendo a calma, e respirar antes de conversar com as crianças, estão entre as orientações do UNICEF. Também é importante respeitar a vontade da criança: se ela deseja falar, é essencial ter alguém para ouvi-la, mas se preferir não conversar, não deve ser pressionada.
Os pais devem procurar explicar de forma simples e real o que está acontecendo, evitando mentir ou dizer que esta situação não vai voltar a acontecer, e sempre ouvir com atenção o que a criança tem a dizer.
TEC/SONORA: Jackline Atwi, oficial de proteção contra violência do UNICEF
“Os pais têm que, de alguma forma, estarem preparados emocional e logisticamente para um plano de evacuação, mesmo que individual. Ao menos saberem o que pode ser feito brevemente, caso aconteça de novo, para que a criança se sinta segura.”
LOC.: Além disso, estabelecer espaços para que a criança possa brincar com outras meninas e meninos é fundamental para retomar a rotina, na medida do possível, mesmo em abrigos e alojamentos. Fazer com que a criança se sinta parte da solução para os problemas também é uma forma de inserção e acolhimento.
Reportagem, Lívia Braz