Foto: Reprodução Agência Brasil
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Acolhimento: como falar com crianças e adolescentes durante e após desastres

UNICEF orienta como adultos e responsáveis devem tratar crianças em períodos após calamidades e situações de emergência, sempre valorizando a verdade, os sentimentos e a escuta atenta para essas crianças.


Imagine do dia para a noite ter que deixar sua casa, sua escola, amigos e tudo o que traz conforto e segurança para trás. Esta foi a situação que viveram milhares de crianças gaúchas em função da tragédia das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul este ano. Diante de um cenário de tantas perdas e mudanças, o Fundo das Nações Unidas para a Infância — UNICEF — orienta como pais, responsáveis e cuidadores devem agir para acolher e dar o suporte emocional necessário às crianças.

Antes de mais nada, é importante lembrar que todo adulto responsável pelo cuidado de crianças precisa estar bem para ser capaz de oferecer suporte, explica a oficial de proteção contra violência do UNICEF, Jackline Atwi.

“Uma pessoa que não está bem psicologicamente não vai poder ajudar o próximo. Por isso os pais, cuidadores ou qualquer responsável da comunidade que queira prestar uma atenção para as crianças e ajudá-las, que esteja bem e que procure ajuda quando necessitar. Os adultos e pais também sofreram, não só com o medo e trauma, mas em ver os filhos sofrendo”, alerta.

Ouvir e acolher

Durante situações de emergência, as crianças e adolescentes podem estar com medo, se sentindo ansiosos e até mesmo desenvolver traumas. Por isso, falar de forma tranquila, mantendo a calma e respirar antes de conversar com as crianças estão entre as orientações do UNICEF. É importante levar em conta o estado emocional dos adultos, já que as crianças sentem o que veem nos mais velhos. Também é importante respeitar a vontade da criança: se ela deseja falar, é essencial ter alguém para ouvi-la, mas se preferir não conversar, não deve ser pressionada.

“Às vezes as crianças querem dizer algo que não está diretamente relacionado a outros traumas, a outras vivências, um medo antigo é revivido. Por isso é tão importante dar espaço para que a criança possa se expressar como quiser”, complementa a oficial do UNICEF.  

O mesmo vale para o choro, que não deve ser reprimido, já que é uma forma importante de extravasar as emoções.

Conectar fatos e preparar para o futuro

Criar uma conexão entre a realidade do que as crianças estão vivendo e o cuidado com a natureza é importante em vários aspectos, ressalta a oficial do UNICEF. “É nosso dever como seres humanos proteger o meio ambiente.”

É essencial ter uma conversa aberta e cuidadosa para que crianças e adolescentes possam entender a situação e aprender a lidar com ela. Os pais devem procurar explicar de forma simples e real o que está acontecendo, evitando mentir ou dizer que esta situação não vai voltar a acontecer, e sempre ouvir com atenção o que a criança tem a dizer.

“Os pais têm que, de alguma forma, estarem preparados emocional e logisticamente para um plano de evacuação, mesmo que individual. Ao menos saberem o que pode ser feito brevemente, caso aconteça de novo, para que a criança se sinta segura” alerta a oficial.

Estabelecer rotina, onde quer que seja

A rotina, os espaços e as brincadeiras das crianças precisam ser mantidas dentro da realidade possível, seja num abrigo ou alojamento. Fazer com que a criança se sinta parte da solução para os problemas também é uma forma de inserção e acolhimento. Por isso, é sempre válido criar essas oportunidades, incluindo crianças e jovens com deficiência. A oficial do UNICEF acrescenta:

“Esse fato de retomar a rotina faz com que a criança volte a normalizar o dia a dia. Tem espaços do UNICEF, espaços comunitários, que podem acolher essas crianças a terem atividades rotineiras, um espaço para brincar, para se expressar, às vezes para pintar, só para poder se livrar dos pensamentos negativos.”  

Encontrar pessoas que sirvam como pontos de apoio é fundamental, sejam amigos, familiares, professores. Em momentos de crise e tragédia também é importante incentivar nas crianças a reflexão sobre como conseguiram lidar com situações difíceis anteriormente e como a atual situação também poderá ser superada.

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LOC.: Diante do cenário de enchentes, perdas e mudanças vividas recentemente pelos gaúchos, crianças e adolescentes podem se sentir ansiosos, com medo e até desenvolver traumas. Por isso, o Fundo das Nações Unidas para a Infância — UNICEF — orienta como pais, responsáveis e cuidadores devem agir para acolher e dar o suporte necessário às crianças.

Antes de mais nada, é importante lembrar que todo adulto responsável pelo cuidado de crianças precisa estar bem para ser capaz de oferecer suporte, explica a oficial de proteção contra violência do UNICEF, Jackline Atwi.

TEC/SONORA: Jackline Atwi, oficial de proteção contra violência do UNICEF

“Uma pessoa que não está bem psicologicamente não vai poder ajudar o próximo. Por isso os pais, cuidadores ou qualquer responsável da comunidade que queira prestar uma atenção para as crianças e ajudá-las, que esteja bem e que procure ajuda quando necessitar. Os adultos e pais também sofreram, não só com o medo e trauma, mas em ver os filhos sofrendo.”


LOC.: É essencial ter uma conversa aberta e cuidadosa para que crianças e adolescentes possam entender a situação e aprender a lidar com ela. Falar de forma tranquila e simplificada, mantendo a calma, e respirar antes de conversar com as crianças, estão entre as orientações do UNICEF. Também é importante respeitar a vontade da criança: se ela deseja falar, é essencial ter alguém para ouvi-la, mas se preferir não conversar, não deve ser pressionada.

Os pais devem procurar explicar de forma simples e real o que está acontecendo, evitando mentir ou dizer que esta situação não vai voltar a acontecer, e sempre ouvir com atenção o que a criança tem a dizer.

TEC/SONORA: Jackline Atwi, oficial de proteção contra violência do UNICEF

“Os pais têm que, de alguma forma, estarem preparados emocional e logisticamente para um plano de evacuação, mesmo que individual. Ao menos saberem o que pode ser feito brevemente, caso aconteça de novo, para que a criança se sinta segura.”


LOC.: Além disso, estabelecer espaços para que a criança possa brincar com outras meninas e meninos é fundamental para retomar a rotina, na medida do possível, mesmo em abrigos e alojamentos. Fazer com que a criança se sinta parte da solução para os problemas também é uma forma de inserção e acolhimento.

Reportagem, Lívia Braz