LOC.: O Dia Internacional da Mulher é comemorado todo 8 de março desde 1975. A data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas, lembra que a busca de igualdade de direitos e oportunidades pelas mulheres segue até os dias atuais.
Para a presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (CNMA-OAB), Cristiane Damasceno, apesar dos avanços das legislações, ainda há muito a ser feito para que se garanta de forma plena os direitos das mulheres.
TEC./SONORA: Cristiane Damasceno, presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB
“Quando a gente fala sobre a negativa de direito, ele acontece de toda ordem e de todo jeito. Então você tem, em casos de violência obstétrica, principalmente contra as mulheres pretas – a professora Ana Flauzina fala isso muito bem –, a questão do próprio salário dentro dos espaços de trabalho que eles são menores para as mulheres, por vezes as pesquisas mostram isso também. Quando você não cria, por exemplo, espaço onde as pessoas possam ficar, como escolas de tempo integral, você nega para a mulher o direito de ela ocupar os espaços de poder por mais tempo, porque a ela é dado o dever de buscar e levar, e das tarefas domésticas. Então esses são exemplos simples de coisas que nos são negadas que nos impedem de chegar nos espaços de decisão de poder”.
LOC.: Segundo Damasceno, é fundamental a participação do poder público nessas discussões.
TEC./SONORA: Cristiane Damasceno, presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB
“Os governantes, sendo homens ou mulheres, precisam ter um comportamento sério de colocar em ação planos que combatam já desde a raiz. Porque, veja, se nós estamos aqui diante de um fato, como por exemplo o feminicídio, deu errado. Que medidas foram tomadas para que esse fato não acontecesse? Quando chega na porta do Direito Penal não tem o que pode ser feito: a mulher já perdeu a vida, os filhos já ficaram órfãos, o pai já tá preso e a vida daquele núcleo familiar já foi completamente destruída. Então, a gente tem que começar esse trabalho anteriormente”.
LOC.: O Brasil bateu recorde de feminicídios no primeiro semestre de 2022. De acordo com dados publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 699 casos foram registrados entre janeiro e junho, o que representa uma média de quatro mulheres mortas por dia.
Reportagem, Álvaro Couto.