Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

1 a cada 10 bancos de sangue apresenta problemas sanitários graves, diz Anvisa

Unidades com problemas graves foram interditadas ou receberam intervenção do Ministério da Saúde

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De acordo com uma pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pouco mais de 11% dos bancos de sangue e hemocentros no Brasil são considerados de médio-alto ou alto risco. Isso significa que eles não cumprem os requisitos sanitários básicos para funcionar, como o uso de equipamentos de proteção pelos profissionais, e as formas corretas de coleta, processamento e armazenamento do sangue. Os dados divulgados pela Anvisa nesta semana foram coletados no ano de 2018. Apesar do número ainda alto, ele representa uma melhora de 15 pontos percentuais, já que em 2010, segundo a Anvisa, 26% dos bancos de sangue representavam alto risco. Hoje, 88,7%‬ dos serviços de hemoterapia já são considerados de baixo ou médio risco, ou seja, cumprem as regras sanitárias.‬

Atualmente existem 2.156 unidades de hemoterapia no brasil, como hemocentros, centros de hemoterapia, unidades de coleta e agências transfusionais. 75% das unidades são públicas ou conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

De acordo com o gerente de sangue, tecidos, células e órgãos da Anvisa, João Batista da Silva Junior, os maiores problemas das unidades de hemoterapia estão dentro dos hospitais, nas agências transfusionais, que preparam e testam o sangue antes de ser usado. “Os hospitais trabalham muito no âmbito da emergência. Às vezes deixam de lado alguns controles para conseguir atender a emergência. Isso é um grande desafio”, pondera. “Esses problemas estão concentrados em áreas do interior do Brasil, principalmente na região Norte e Nordeste, que é onde tem mais dificuldade de tecnologia e pessoal.”

De acordo com ele, o problema encontrado com maior frequência é a inexistência de registros de fiscalização do próprio hospital. Geladeiras e congeladores onde os materiais são guardados precisam estar funcionando perfeitamente, e para garantir que seja assim, hospitais devem fazer testes e registrar se o equipamento está conseguindo manter a temperatura certa para a preservação do sangue. Mas quando a Anvisa e as Vigilâncias Sanitárias vão fazer a fiscalização, descobrem que esse acompanhamento não está sendo feito e que, muitas vezes, os equipamentos estão com defeito. “Se a manutenção preventiva não é feita, o hospital corre o risco de perder todo o estoque de sangue, que é um recurso escasso”, alerta João Batista. Outro problema é a falta de treinamento de quem lida com o sangue. “Um servidor passa por treinamento e quando voltamos, um ou dois anos depois, ele não está mais trabalhando naquela unidade.”

Mas, de acordo com o gerente da Anvisa, a tendência é de melhora. Isso porque nos casos mais graves, quando o órgão constatou alto risco, foi feita a interdição a unidade. Nesse caso, só é possível que ela seja reaberta depois que os problemas encontrados sejam resolvidos e isso seja comprovado com uma nova inspeção. Quando não é possível fechar as unidades, para não prejudicar pacientes, as agências de vigilância sanitária pedem suporte para o que o Ministério da Saúde, que realiza intervenções para resolver o problema.

Coronavírus

Devido a pandemia, diversos hemocentros pelo Brasil têm relatado a diminuição nos bancos de sangue. Enquanto isso, a demanda pelo produto não diminuiu. Por isso, o Ministério da Saúde explica que a doação de sangue é segura e não oferece riscos para quem doa. 

A auxiliar de saúde bucal, Marlene Alves França, conta que é doadora de sangue há mais de 10 anos. Ela ressalta a importância da doação.

“Muita gente precisa, em caso de cirurgia, de emergência, de acidente. Por isso é importante que sempre tenha sangue disponível para quem precisa. Sou doadora universal, O+, me sinto bem em ser doadora”, conta.

O Ministério da Saúde também diz que tem orientado os pontos de coleta a intensificar ações preventivas. As unidades estão se adaptando para dar condições de lavagem de mãos e fornecer antissépticos. Além disso, cuidados com a higienização das áreas, instrumentos e superfícies também têm sido intensificados pelos hemocentros.

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