ECONOMIA: Presidente do Conselho Federal de Economia se posiciona contra a reforma da previdência

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REPÓRTER: O economista Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia, Cofecon, se manifestou contrariamente à proposta do governo de reforma da Previdência Social. Entre as principais mudanças propostas pelo governo, está a fixação da idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. Se aprovada, o trabalhador deverá contribuir por 49 anos para conseguir a aposentadoria integral.  Na avaliação de Júlio Miragaya, a participação da sociedade nesse debate é fundamental, já que a reforma vai impactar diretamente a vida de todos os brasileiros, principalmente a dos mais pobres.
 
SONORA: Julio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia
“O que a gente enfatiza é isso: a sociedade tem que participar dessa discussão. Não se altera um sistema secular, que atinge a tanta gente do país, sem uma ampla participação da sociedade. Particularmente, do jeito que veio essa proposta. É uma proposta que penaliza profundamente a população brasileira. Principalmente a população mais pobre. Do jeito que está, para uma pessoa ter uma aposentadoria integral, ela vai ter que comprovar 49 anos de contribuição previdenciária. Uma pessoa que começa a trabalhar com 20 ou 21 anos de idade vai se aposentar aos 70 anos de idade. Isso significa que a maioria da população brasileira não vai ter como se aposentar”.
 
REPÓRTER: Para Júlio Miragaya, a reforma da previdência traz grandes injustiças sociais. Um exemplo pode ser percebido na sugestão de que o trabalhador rural se aposente, também, aos 65 anos de idade. De acordo com o economista, a expectativa de vida dessa população no Norte e Nordeste é de 63 anos, o que significa que, provavelmente, esse trabalhador vai morrer sem aposentadoria.Ainda de acordo com o presidente do Conselho Federal de Economia, existem outras formas mais justas de arrecadar receita, que não precisam prejudicar a população mais pobre. Uma sugestão seria repensar o modelo tributário brasileiro.
 
SONORA: Julio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia
“Outro aspecto importante é: se precisa levantar mais receita, então vamos fazer uma discussão do modelo tributário. O Conselho Federal tem colocado isso. Não vamos falar de reforma tributária e trocar seis por meia dúzia. Vamos mudar o modelo tributário do Brasil. O modelo tributário do Brasil cobra imposto do mais pobre. Então o governo tem, sim, como financiar e seguridade social cobrando dos mais ricos, daqueles que detém a riqueza e a renda no país. Mas ele não faz isso. Essa discussão sequer começa no Congresso Nacional. A grande maioria dos parlamentares do Congresso Nacional está ali para financiar o interesse dos mais ricos”.
 
REPÓRTER: De acordo com o Conselho Federal de Economia, algumas medidas de ajuste precisam ser tomadas em relação à previdência no Brasil, mas não as que estão sendo adotadas pelo governo. A reforma da Previdência Social precisa ser votada pela Câmara e pelo Senado para se tornar lei. Se aprovada, a norma vai atingir trabalhadores dos setores público e privado. A exceção é a categoria dos militares, que não será afetada.
 
Reportagem, Bruna Goularte

 

 

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