ECONOMIA: PIB registra pior desempenho dos últimos 87 anos

Desempenho negativo da economia é consequência de políticas ineficazes adotadas ainda no governo da presidente Dilma Rousseff, acredita presidente do Cofecon.  

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REPÓRTER: A economia brasileira registrou, em 2016, a maior queda dos últimos 87 anos. No ano passado, a queda do Produto Interno Bruto, o PIB, que é a soma das riquezas produzidas no país, foi de mais de três e meio por cento, em relação ao ano de 2015, que também registrou queda de quase quatro por cento.
 
Os números foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, nesta terça-feira. As últimas vezes em que o instituto havia registrado dados tão ruins na economia, em sequência, foram nos anos de 1930 e 1931. Todos os três setores analisados pelo IBGE, que compõe o PIB como a agropecuária, a indústria e a prestação de serviços, registraram quedas expressivas.
 
Na agropecuária, a retração da economia foi de mais de seis e meio por cento. A indústria registrou queda de quase quatro por cento e a prestação de serviços encolheu quase três por cento. Apenas nos últimos três anos, a agricultura saiu de quase nove por cento de crescimento para quase sete por cento de retração, por exemplo, ou seja, teve queda de mais de 14 por cento.
 
O presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya, explica que o desempenho negativo da economia é consequência de políticas ineficazes adotadas ainda no governo da presidente Dilma Rousseff. 
 
SONORA: Presidente do Cofecon, Julio Miragaya
 
“Em 2014, o governo Dilma em uma tentativa de estimular a economia, ela enveredou no caminho de promover grandes concessões. Isso levou a um gasto excessivo, a um verdadeiro rombo nas contas públicas, através de uma transferência de renda para as grandes corporações do sistema financeiro. Essa tentativa dela de estimular a economia usando recursos públicos acabou sendo fatal porque não teve resultado”. 
 
REPÓRTER: O indicador de investimento no país também registrou forte queda, de mais de 10 por cento, em 2016, e o consumo das famílias caiu mais de quatro por cento, em comparação com o ano de 2015.
 
O presidente do Cofecon, Julio Miragaya, lembra que o consumo das famílias está ligado diretamente a desvalorização dos salários e ao aumento do desemprego.
 
SONORA: Presidente do Cofecon, Julio Miragaya
 
“O consumo das famílias está associado ao que a gente chama de massa de rendimentos. Essa massa de rendimentos está em queda. Os salários estão em queda e tem um percentual de desemprego muito elevado no país e também contração, por exemplo, em programas como o Seguro Desemprego. Então tudo isso concorre para que a massa de rendimentos esteja em um patamar bem inferior ao que estava em 2013, 2014”.   
 
REPÓRTER: O governo Federal acredita que a economia do país começou a demonstrar reação. Contudo, o presidente do Cofecon, Julio Miragaya, alerta que, mesmo diante da possibilidade da retomada do crescimento este ano, impulsionado principalmente pela queda da inflação, a economia do país ainda é frágil. 
 
SONORA: Presidente do Cofecon, Julio Miragaya
 
“Particularmente a questão do aumento do desemprego, temos a tendência de nova queda na massa de rendimentos. O consumo das famílias vai continuar caindo. Temos a questão cambial. O dólar que estava bom para a economia brasileira. Valorizou muito o real em relação ao dólar e isso é ruim para a indústria brasileira. São elementos que tem que ser levados em conta que também dificultam a retomada da economia”.
 
REPÓRTER: A expectativa do governo Federal é que o Brasil passe a ter crescimento na economia de pouco mais de dois por cento ao ano, durante a próxima década.  

 

Reportagem, Cristiano Carlos

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