LOC: Cobrança de impostos no destino – ou seja, na hora da compra do produto em vez de no local da produção – e unificação dos tributos. Com essas mudanças da reforma tributária, os estados perdem uma ferramenta para atrair empresas e investimentos: os incentivos fiscais.
Então como os estados vão poder continuar atraindo investimentos? E como fica a situação das empresas que já desfrutam dos benefícios oferecidos durante a chamada guerra fiscal? Esses incentivos já estavam consolidados, ou seja, legitimados e estabelecidos, até 2032, com previsão para acabarem em 2033.
Para atender esses questionamentos, a reforma tributária criou dois mecanismos: o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, para os estados; e o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais, para as empresas.
A previsão do projeto que regulamenta a reforma é que a Receita Federal seja a gestora do fundo que compensa as empresas. Mas o advogado especialista em direito tributário Ranieri Genari explica que não está claro ainda como será feito o acesso aos recursos.
“Ainda precisa ver no projeto de lei, uma lei complementar, dizendo quais os requisitos para que haja o acesso a esses recursos que serão aportados neste fundo pelo governo federal, porque a Receita Federal costuma ser bem restritiva em relação a esses critérios.”
LOC: A distribuição dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional também gera incertezas, segundo o tributarista Ranieri Genari. A regulamentação dele está prevista para outro projeto de lei complementar, o PLP 108, que será votado na volta do recesso parlamentar.
O deputado federal Luiz Gastão, membro do grupo de trabalho da reforma na Câmara dos Deputados, defende a descentralização do fundo. Segundo o parlamentar, as tratativas explicam que o fundo não é do governo federal. A princípio ele terá um comitê gestor e cada estado terá seu fundo e será gerido no próprio estado.
“Sou contra você centralizar esses fundos para o governo federal. Esse fundo tem que ser descentralizado e cada estado tem que ter autonomia da utilização desses fundos no seu desenvolvimento e nos seus projetos de desenvolvimento.”
LOC: O PLP 108 é o segundo projeto que regulamenta a reforma tributária e deve ser discutido na Câmara em agosto. O projeto de lei complementar 68, responsável pela primeira etapa da regulamentação, já foi aprovado no dia 10 de julho e agora será discutido pelo Senado.
Reportagem, Brasil61. Locução, Carol Castro.